Apesar das margens mais apertadas e clima de cautela entre os produtores, a área plantada de soja deve crescer 1,9% na safra 2024/2025, de acordo com relatório divulgado nesta sexta-feira pela Safras & Mercado.
A consultoria prevê que sejam cultivados 47,3 milhões de hectares da oleaginosa no País, acima dos 46,4 milhões de hectares plantados na safra 2023/2024.
O levantamento também aponta a expectativa de um aumento do potencial produtivo nacional, dando continuidade ao movimento de expansão do grão nos principais estados produtores.
De acordo com o Safras & Mercado, a produtividade deve aumentar de 3.279 quilos por hectare na última safra, para 3.643 kg/ha na temporada 2024/25.
Desta forma, a produção nacional deve alcançar o recorde de 171,5 milhões de toneladas. O volume é 13,2% maior em relação ao último período, que teria totalizado 151,5 milhões de toneladas, segundo a consultoria.
O levantamento de intenção de plantio prevê que a área plantada crescerá em praticamente todos os estados produtores de soja. Entretanto, em ritmo menor quando comparado às safras anteriores.
“Tal fato deve ocorrer devido à queda da margem dos produtores nos últimos meses, que é derivada, principalmente, do recuo nos preços praticados nos mercados brasileiro e internacional”, comentou o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
Ele destaca que a oleaginosa é a alternativa mais rentável em boa parte das regiões produtoras em relação a outras culturas. “Novamente, produtores (de soja) irão optar pelo avanço da área", acrescenta.
A sombra do La Niña
No recorte regional, depois da safra 2023/24 ser marcada por perdas no Rio Grande do Sul e Paraná, a Safras & Mercado espera um pequeno aumento nas áreas a serem semeadas nos dois estados, mesmo diante da possibilidade crescente de um novo La Niña – o fenômeno causou seca e quebra de safra por dois anos seguidos, nas safras 21/22 e 22/23.
Entretanto, produtores do estado gaúcho seguem com dificuldades financeiras pelas perdas registradas nos últimos anos. Gutierrez avalia que algumas áreas de milho podem migrar para a soja, tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul, o mesmo ocorrendo com algumas áreas de pastagem.
A área cultivada de soja deve crescer também nas regiões Centro-Oeste e Sudeste nesta safra. Segundo a Safras, os produtores devem voltar a centralizar a produção de verão na soja e a produção da segunda safra no milho. Além disso, a previsão é que novas áreas sejam abertas, principalmente sobre pastagens.
Já o Nordeste e o Norte do País devem exibir os maiores percentuais de crescimento da área de soja.
O analista da consultoria ressalta que o aumento das exportações pelos portos do Arco Norte é um fator positivo para a expansão da área, chamada de “nova fronteira agrícola”. Por outro lado, o ritmo de crescimento nas regiões tende a ser menor que nas safras anteriores, com as margens dos produtores mais 'apertadas’.
Já a consultoria Agroconsult estima números menores para a safra 2024/25 de soja. Em dados divulgados no fim de maio, a consultoria projetava 46,2 milhões de hectares de área plantada, queda de 0,4% ante a safra anterior.
Na época, a Agroconsult destacou que os eventos no Rio Grande do Sul, as fortes chuvas registradas em abril e maio, podem levar a uma redução de área maior. Desta forma, o sócio diretor André Pessoa ponderou que o recuo poderia ser maior, especialmente, na metade sul do estado.
A consultoria ainda previa produtividade de 61,8 sacas por hectare, acima da de 55,5 sacas vista em 2023/24. Sendo assim, a estimativa da Agroconsult para a produção de soja também foi de um recorde, de 171,3 milhões de toneladas em 2024/25, representando um crescimento de 11% em relação ao ciclo anterior.
USDA menos otimista
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou nesta sexta-feira suas projeções para a safra mundial de soja. Em relação ao Brasil, o USDA é menos otimista. O relatório americano manteve a previsão de que o País produza 169 milhões de toneladas na safra 2024/25.
Para os Estados Unidos, o órgão estima que a safra deve alcançar 120,7 milhões de toneladas, acima das projeções do mercado, de 120,2 milhões de toneladas. Já a safra do grão na Argentina deve somar 51 milhões de toneladas, em linha com a projeção anterior do USDA, que ainda prevê produção mundial de 421,8 milhões de toneladas de soja nesta temporada.
Os dados otimistas para a atual safra norte-americana e para a América do Sul vêm pressionando para baixo os preços da soja no mercado internacional.
Menos área de milho
A Safras & Mercado também divulgou a intenção de plantio do milho, na qual a área da safra de verão deve cair 2,1% no Centro-Sul do País, para 3,8 milhões de hectares. Na safra 2023/24, o plantio do cereal alcançou 3,9 milhões de hectares.
Porém, a produtividade média da safra de verão deve crescer, passando de 6.443 quilos em 2023/24 para 6.598 quilos por hectare no atual ciclo. Assim, a produção da primeira safra de milho poderá atingir 25,6 milhões de toneladas, acima das 25,5 milhões de toneladas apuradas na safra anterior.
Em relação à safrinha 2025 do milho, a consultoria prevê ligeiro avanço da área cultivada, para 14,7 milhões. Enquanto a produtividade média tende a ficar em 6.397 quilos por hectare, acima dos 5.839 quilos por hectare colhidos na segunda safra deste ano.
Diante disso, a produção da safrinha 2025 pode chegar a 94,6 milhões de toneladas de milho, acima do esperado para 2024, de 85,9 milhões de toneladas.