Ao mesmo tempo em que se consolida como a locomotiva da economia brasileira, o agronegócio ganha força também dentro da matriz energética que mais tem crescido nos últimos anos dentro do país.
A radiação solar se tornou, nos últimos anos, a segunda maior fonte de energia elétrica do Brasil, ficando atrás somente da matriz hidrelétrica, que ainda responde por metade de toda a eletricidade gerada.
E dentro deste universo, a potência instalada dentro de propriedades rurais cresceu mais de 10 vezes em três anos.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, ao final de 2019, o Brasil tinha pouco mais de 0,25 Gigawatts de energia solar fotovoltaica instalada em propriedades rurais desde o início da série história, em 2009.
No início de 2023, segundo a Aneel, este volume de potência instalada chegou a 3 Gigawatts. Segundo cálculos da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, a ABSolar, as propriedades rurais respondem por 14,4% da potência instalada no país.
“Digo que o agronegócio é o que vem mais crescendo, em termos percentuais, na geração de energia solar. Muito por conta do crédito mais barato, com incentivos”, afirma Luzer de Oliveira, diretor da Connectoway, empresa distribuidora de equipamentos de energia solar.
Oliveira afirma que o potencial está em propriedades que estão fora das redes de distribuição de energia, conhecidas como off grid. “Por muito tempo, os custos da energia solar não faziam sentido para o produtor rural, por conta dos incentivos recebidos na conta de energia.
Mas há muitas dificuldades com linha de transmissão, em muitos lugares não chega. E a energia solar com bateria resolve isso. Fica mais em conta que o gerador a diesel, ao longo do tempo”, diz Oliveira.
Ele lembra que o custo de energia para o agronegócio é muito alto, com irrigação, câmara fria. “Em Petrolina, no estado do Pernambuco, com a grande produção de frutas, há um gasto grande com câmara fria. E hoje o estado é um dos que mais tem crescido em energia solar”, diz Oliveira.
Segundo levantamento da ABSolar, o Sudeste e o Sul são as regiões com maior potência instalada de energia solar, em geral. Mas a região Centro Oeste, coração do agronegócio brasileiro, tem Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás entre os 10 primeiros do ranking.
Oliveira admite que o preço da energia solar para o produtor rural ainda não está no patamar ideal. “Mas já tem muitas soluções para as quais a energia solar tem ficado cada vez mais viável. Inclusive no Sudeste”.
Ele afirma que este levantamento da participação do agronegócio pode estar inclusive subestimada. “Esta conta é feita somente com propriedades rurais. Quando incluímos a agroindústria, acredito que essa participação fique próxima de 25% do total”, diz o diretor da Connectoway.
Sobre a sustentabilidade, Oliveira afirma que para o agronegócio, a energia solar é bastante eficiente. “O agricultor tem que destinar uma área pequena para a instalação do equipamento, e está gerando energia. Isso ajuda até na questão das emissões de gás de efeito estufa”.
Oliveira acredita que não há riscos no uso de energia solar com bateria. “É preciso haver um bom planejamento do uso. Você tem uma grande caixa de energia ali. Mas é importante tem sempre um backup, e aí, nesse caso, para quem não está na rede, é um gerador a diesel”, diz o executivo.