A imagem do Oriente Médio no Brasil é muito pautada, e neste momento, pelo conflito entre Israel e o grupo Hamas, da Palestina. Mas a região tem apresentado crescimento econômico consistente nos últimos anos, especialmente em países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Catar.
O Brasil tem se beneficiado desta evolução econômica daquela região, especialmente o agronegócio. Um levantamento feito pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira comprova essa tendência com números.
De acordo com a entidade, no primeiro quadrimestre de 2024, as exportações brasileiras para os 22 países que fazem parte do grupo conhecido como Liga Árabe cresceu mais de 30% em relação ao mesmo período de 2023.
A participação dos produtos agropecuários foi decisiva para essa evolução. As exportações de açúcar para a Liga Árabe entre janeiro e abril deste ano somaram quase US$ 2,1 bilhões, um avanço de 105% na comparação anual.
No caso das carnes de frango e bovina, houve um crescimento de quase 30% em volume financeiro de exportações para os países árabes, chegando a um total de US$ 1,8 bilhão em receitas.
Os dois produtos responderam por mais da metade das exportações totais do Brasil para a Liga Árabe, que totalizou US$ 7,4 bilhões entre janeiro e abril deste ano. As commodities minerais estão em terceiro em relevância nas vendas para a região, com US$ 1,2 bilhão.
Segundo a Câmara de Comércio, houve aumento nos preços dos principais itens exportados para a Liga Árabe em 2024. O açúcar é o caso que mais chama atenção, com avanço de 16% no valor por tonelada, chegando a uma média que supera os US$ 513.
Nas carnes, o aumento foi mais modesto, de quase 3%, superando os US$ 2.450 por tonelada, em média.
Para Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, o resultado é um indicativo da resiliência das economias árabes, sobretudo as do Golfo. No caso das commodities agrícolas, os países continuam apostando na aquisição para fins de reexportação.
Os Emirados Árabes, que é o principal exportador da região do Golfo Pérsico, responderam por quase 23% das receitas brasileiras entre janeiro e abril, com quase US$ 1,7 bilhão.
“O país tem 46 zonas francas, de processamento de exportações, que fazem dele um grande reexportador de alimentos para todo o mundo islâmico. Cresceram também as exportações brasileiras para Omã, que, assim como o vizinho, utiliza sua posição estratégica para potencializar a triangulação de mercadorias”, explica Mansour.
O secretário-geral espera que o ritmo de exportações brasileiras para a Liga Árabe se mantenha nos próximos meses, já que o quadrimestre entre maio e agosto é de reforço dos estoques de alimentos.
Em sua apresentação do balanço do primeiro trimestre de 2024, a BRF, que tem participação de mercado de 37% com os produtos da marca Sadia nos países árabes onde atua, atribuiu o crescimento das vendas na região ao Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos.
Segundo a companhia, as vendas da linha de frangos pré-cortados e marinados cresceu 60% entre janeiro e março deste ano, na comparação com 2023.
No começo de maio, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu com embaixadores da Liga Árabe para apresentar propostas de cooperação técnica e agrícola com o Brasil.
Foram abordados temas como a segurança alimentar global, a aproximação diplomática com os países árabes e o programa brasileiro de recuperação de pastagens degradadas.