O crescimento do setor agrícola está cada vez mais impulsionado pela adoção de tecnologias que promovem a eficiência em todas as etapas da produção.

Ferramentas avançadas, como sensores IoT, drones, inteligência artificial e máquinas autônomas, estão transformando a maneira como as operações agrícolas são conduzidas, resultando em um aumento significativo da produtividade sem a necessidade de expandir as áreas cultivadas.

Ao longo dos últimos 50 anos, a agricultura passou por transformações radicais com avanços em maquinários, sementes, irrigação e fertilizantes. Agora, estamos no início de uma nova revolução tecnológica, onde dados e conectividade desempenham papéis centrais.

Tecnologias emergentes como inteligência artificial, análise de dados e sensores conectados podem aumentar ainda mais os rendimentos, melhorar a eficiência do uso de água e outros insumos, e construir sustentabilidade e resiliência no cultivo de culturas e na pecuária.

Nesse cenário de constante avanço, gosto de fazer uma pergunta controversa às startups com as quais converso: “O que não vai mudar no seu modelo de negócio?”.

Essa ideia é inspirada no livro "O Mesmo de Sempre" de Morgan Housel. E é importante, pois traz à tona o que é essencial na tecnologia e no produto, destacando que a tecnologia é transitória.

Ela é o meio, não o fim. A tecnologia auxilia para que o produto seja melhor entendido, adaptado e utilizado pelo usuário final.

Recentemente, conversando com alguns produtores early adopters do agronegócio produtivo, ficou evidente que o crescimento do agronegócio nacional é impulsionado por melhorias contínuas na eficiência proporcionadas pela tecnologia.

Ferramentas avançadas aumentam a produtividade, o controle, a transparência e a gestão da fazenda, ampliando a efetividade do agricultor.

Isso me fez refletir sobre o que não mudará no futuro do agronegócio, pois essas constatações nortearão as escolhas de investimentos e a necessidade real do agro produtivo.

A importância do solo

O solo continuará sendo a base de toda produção agrícola. Mesmo com tecnologias avançadas de monitoramento e otimização, a qualidade e a saúde do solo serão sempre cruciais para a produtividade. Práticas como rotação de culturas, compostagem e uso de fertilizantes naturais continuarão a ser fundamentais para manter a fertilidade do solo. Para isso, é necessário identificar e compreender as necessidades do solo e como trabalhar com ele.

A relação com o clima

A agricultura sempre dependerá do clima. Tecnologias podem ajudar a prever e mitigar os impactos das condições climáticas adversas, mas a dependência das condições meteorológicas para plantio, crescimento e colheita das culturas permanece inalterada.

Aplicação de drones

Com uma melhor leitura de plantas daninhas e identificação em tempo hábil, a aplicação de proteção de cultivos destinada especificamente para cada praga será mais assertiva e terá seu uso reduzido, sendo incrementada pela aplicação localizada. Isso possibilitará uma substituição de frotas de aplicação.

O papel do agricultor

Embora a automação e a digitalização estejam transformando as operações agrícolas, o papel do agricultor como gestor e tomador de decisões críticas não mudará. A experiência, intuição e conhecimento local do agricultor são insubstituíveis e continuarão a ser vitais para o sucesso das operações agrícolas.

Os inputs do agricultor serão potencializados com a inteligência artificial, dado que o processamento e a leitura de informações passadas e cruciais serão facilmente acessadas, melhorando a base de comparação para uma tomada de decisão mais assertiva.

Sustentabilidade e práticas éticas

A demanda por práticas agrícolas sustentáveis e éticas só tende a crescer. A pressão por métodos que preservem o meio ambiente, reduzam o uso de químicos e promovam o bem-estar animal permanecerá constante, independente dos avanços tecnológicos. A rastreabilidade será mais simples e facilitará a identificação de quem trabalha com práticas sustentáveis, premiando essas qualidades.

A necessidade de inovação contínua

A busca por inovação é uma constante no agronegócio. A necessidade de encontrar novas maneiras de aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a produtividade impulsiona o setor a evoluir continuamente. No entanto, essa busca incessante pela inovação não mudará; ao contrário, se intensificará à medida que os desafios globais, como a segurança alimentar e as mudanças climáticas, se tornam mais prementes.

Com base nesses fatores, fica claro que a tecnologia é uma forte aliada para o produtor rural. Precisamos entender como oferecer ferramentas tecnológicas em um formato de fácil acesso e que tragam um benefício claro para que a adoção aconteça mais rapidamente.

Estamos no caminho certo e a necessidade de rodar o campo e entender a perspectiva do usuário ainda é a melhor maneira de validar e moldar os produtos. Ao mesmo tempo, é essencial reconhecer e valorizar os elementos imutáveis do agronegócio, que continuarão a sustentar a produção agrícola no futuro.