O Brasil é um gigante do agronegócio. Alimenta mais de um bilhão de pessoas no mundo, tem clima favorável, terras abundantes, tecnologia embarcada e uma cadeia produtiva de alta eficiência. Mas ainda não ocupa o protagonismo global em inovação agropecuária.
Produzimos mais a cada ano. Exportamos com competitividade. Mas a ciência, a inovação e o capital intelectual ainda não estão no centro da estratégia nacional para o campo. E isso nos impede de dar o salto necessário: um agro mais inteligente, sustentável, resiliente e respeitado.
Três pilares são imprescindíveis para uma virada histórica:
1. Genética, genômica e biotecnologia tropical
A transformação silenciosa que está ocorrendo no campo tem base genética. Tecnologias de melhoramento, edição genômica e uso de inteligência artificial já permitem ganhos expressivos de produtividade, eficiência e resistência — seja em grãos, fibras ou proteína animal. Mas ainda falta escala, investimento coordenado e uma visão de país.
2. Inteligência de dados e conectividade no campo
Cada planta, cada animal, cada hectare conectado gera dados valiosos. A agricultura e a pecuária digital são uma fronteira já acessível — mas que ainda precisa de políticas públicas, infraestrutura de conectividade e integração entre produtores, startups, institutos de pesquisa e grandes empresas. Tecnologia não é custo: é competitividade, margem e soberania.
3. Formação de líderes com visão de longo prazo
Nada disso acontece sem gente preparada. Precisamos formar e atrair talentos para o campo com visão técnica, espírito empreendedor e compromisso com o desenvolvimento sustentável. A transformação do agro brasileiro passa por educação, sucessão familiar qualificada e liderança com propósito.
A hora é agora. Se o Brasil quiser ocupar o papel que lhe cabe como potência agroambiental e tecnológica, precisa colocar ciência, inovação e inteligência de gestão no centro da estratégia agropecuária.
Temos solo, sol, biodiversidade, gente empreendedora e uma base produtiva que impressiona o mundo. O que falta é transformar esse potencial em um projeto estruturado de país.
O futuro do agro brasileiro não será decidido apenas no mercado. Ele será construído pela nossa capacidade de inovar, liderar e formar um novo pacto entre produção, sustentabilidade e conhecimento.