As mudanças climáticas são o maior desafio da sociedade contemporânea e seus impactos são sentidos cada vez mais por todos nós. Do aumento das temperaturas aos eventos extremos do clima, tudo está interligado, afetando a biodiversidade e o meio ambiente.
Essa nova realidade impõe ações urgentes que promovam não apenas a sustentabilidade do planeta, mas também garantam a segurança alimentar da população.
O último dia 16 de março, que marcou o Dia da Conscientização sobre Mudanças Climáticas, nos levou a refletir sobre como a agricultura pode ser o agente transformador de um modelo de produção em transição, que precisa conjugar a forma sustentável como se produz o alimento e a mitigação dos impactos climáticos.
Colocando em perspectiva, hoje, sozinha, a agricultura responde por cerca de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo dados da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Dessa parcela, em torno de 11% correspondem aos fertilizantes.
O fertilizante é de extrema relevância para o sucesso de uma safra e melhora os índices de produtividade e qualidade de uma colheita. Ou seja, a produção alimentar passa por um olhar atento pela saúde do solo que, quando bem nutrido, auxilia no aumento da produtividade, diminuindo a pressão por expansão sobre novas áreas, com consequente redução do desmatamento e preservação da biodiversidade.
E é exatamente por isso que o fertilizante passou a ser fundamental para a sustentabilidade, determinante para alcançarmos uma agricultura regenerativa e de baixo carbono.
O Brasil, neste contexto, atua como protagonista ao posicionar a atividade agrícola como aceleradora na redução dos gases de efeito estufa. A boa notícia é que, para além de metas, temos soluções disponíveis.
Nosso agronegócio já dispõe, por exemplo, de fertilizantes de baixíssimo carbono. Produzido a partir de matriz renovável, dentre elas o biometano, esse insumo apresenta uma redução de 75% na pegada de carbono, em comparação ao mesmo produto de matriz energética fóssil.
Considerando todo o ciclo, da produção à aplicação do fertilizante, combinado a práticas da agricultura regenerativa, essa redução é de até 40% no produto final, em cultivos como a cafeicultura.
No ano em que somos a vitrine do mundo com a realização da COP 30, o fertilizante de baixíssimo carbono, fruto de investimentos em pesquisa e inovação, pautados no conhecimento agronômico e científico, é um bom exemplo que aponta a essencialidade de incluirmos as práticas agrícolas na agenda do clima.
A entrega de soluções rumo à neutralidade climática reforça o potencial do setor para colaborar com um futuro alimentar sustentável.
O Brasil reúne as condições ideais para ser um dos protagonistas na transição energética. As mudanças climáticas, todavia, requerem um trabalho de coalizão entre governos, produtores, empresas e indústria, de incentivo e apoio a todo o ecossistema produtivo para que a descarbonização seja integrada, da indústria ao solo e do solo à mesa, garantindo assim a segurança alimentar para as próximas gerações.
Deise DallaNora é diretora de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Yara.