Professores empreendedores não são fáceis de se encontrar. É mais comum que um profissional tenha que escolher entre a carreira acadêmica, sempre bastante exigente, e os desafios de fundar e tocar sua própria empresa.
Não é o caso de Marcelo Rodrigues, professor do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB) e fundador da Krilltech, startup que iniciou suas atividades em 2018 e que desenvolveu um fertilizante com nanotecnologia.
A tecnologia Arbolina tem como objetivo fortalecer o metabolismo das plantas, ajudando na força, produtividade e resistência.
Atualmente, a Krilltech conta com 30 funcionários e, segundo Rodrigues, “consegue pagar as contas”. “Estamos em fase de crescimento rápido, muito por conta dessa parceria com a Casa Bugre, que nos dá uma capilaridade muito grande”, diz o fundador.
Tradicional distribuidora de produtos agrícolas, a Casa Bugre é também uma das acionistas da Krilltech.
Rodrigues não detalha os números da startup, afirmando que ainda investe muito em desenvolvimento e expansão dos negócios. “Mas temos o objetivo de, em um período entre cinco e 10 anos, virarmos uma empresa multinacional”.
Para isso, ele conta que tem conversas em andamento com duas empresas dos Estados Unidos para exportar a Arbolina. “Não queremos vender a empresa. A ideia é colocar um produto com a bandeira brasileira nos maiores mercados mundiais, sempre de forma orgânica”, diz Rodrigues.
O aumento da produtividade com a utilização da Arbolina é um dos principais argumentos utilizados pela Krilltech na hora de vender o produto.
Pelos testes já realizados com os nanofertilizantes, há um aumento de até 21% em sacas por hectare na produtividade de soja, cerca de 33% em tonelada por hectare em algodão, e chega a até 70% de aumento na produção de morango.
A tecnologia foi criada em parceria com a Embrapa. A partir dela, a Krilltech já desenvolveu um projeto de recuperação de áreas degradadas em nove estados cobertos pela Floresta Amazônica.
Segundo a Embrapa, o produto desenvolvido juntamente com a startup tem o carbono como principal componente químico, com 47% da composição, seguido do nitrogênio e hidrogênio, com 17% e 4%, respectivamente.
“Dentro da planta, o produto ativa rotas metabólicas essenciais, que aumentam a capacidade de absorção e aproveitamento da luz, promovendo um maior ganho energético”, diz a Embrapa em nota sobre a Arbolina.
Ainda sobre o futuro da startup, Rodrigues afirma que a Krilltech não pensa em realizar uma rodada de captação de investimentos no curto prazo.
“Passamos por um processo muito exaustivo de diligência neste último ano e agora precisamos ganhar um fôlego para trabalhar, nestes próximos cinco anos, no crescimento da empresa e no desenvolvimento de novas tecnologias”.
A fábrica da Krilltech, de aproximadamente 180 metros quadrados, está localizada na cidade de Camaçari, na Bahia, e é definida por Rodrigues como “a fábrica do século 23, porque consegue ter uma alta produtividade com baixa emissão de resíduos e de carbono, e baixa utilização de água”.