Gabriel Leal, o jovem empreendedor que, com 23 anos, comanda uma startupo aeroespacial com o projeto de criar o maior drone para pulverização agrícola do mundo, acaba de ganhar mais responsabilidade.
Ele anunciou nesta terça-feira, 28 de maio, ter concluído uma rodada de captação para a Psyche Aerospace, obtendo mais R$ 15 milhões em investimento em seu sonho – e também mais um sócio na empresa.
O novo parceiro de negócios é um investidor pessoa física, produtor rural, que aportou sozinho todo o valor buscado por Leal. Com o investimento, passa a ter 20% do negócio, que fica, segundo o próprio fundador e CEO da Psyche, passa a ser avaliada em R$ 75 milhões.
Os recursos obtidos nessa rodada de série A vão se somar a outros R$ 2 milhões captados no ano passado em um aporte pré-seed do investidor Éder Medeiros, que havia vendido, em 2020, a startup Melhor Envio para a Locaweb por R$ 83 milhões.
Após essa primeira captação, segundo Leal, a startup havia atingido um valuation de R$ 10 milhões de reais. Assim, Medeiros também ficou com 20% da empresa. Após a nova rodada, Leal tem 48,52% e o restante é diluído entre outros integrantes do projeto.
Nos últimos meses, ele afirma ter avançado nas etapas de desenvolvimento, realizando o o primeiro voo do Harpia P-71 em março deste ano. Com os novos recursos, seu objetivo é preparar a empresa para a fase industrial, em que pretende operar de forma verticalizada, produzindo a maior parte dos componentes, da carcaça ao motor.
A empresa já possui três galpões em São José dos Campos (SP), berço da indpustria aeroespacial brasileira, somando mais de 2 mil metros quadrados de área, onde espera produzir três drones por dia. A previsão da startup é realizar de uma prova de conceito entre agosto e outubro próximos. Se a data é incerta, o local está confirmado: a fazenda de Gilson Pinesso, um dos mais tradicionais produtores de grãos e algodão do Brasil.
"O objetivo agora é deixar a empresa preparada para decolar, com produto e indústria prontos", afirmou ele ao AgFeed.
O drone da Psyche é uma aeronave híbrida (movida por etanol e baterias elétricas) com capacidade de transportar 400 quilos de defensivos agrícolas, com uma autonomia de 10 horas. Assim, se posiciona em porte intermediário entre aviões pulverizadores - que podem transportar até 3 mil quilos - e os drones tradicionais - com capacidade máxima de 150 quilos.
Seu modelo de negócios prevê cobrar R$ 20 por hectare em cada aplicação. Embora ainda não tenha começado oficialmente a comercialização, Leal afirma já estar negociando cartas de intenção para pulverizar cerca de 1,2 milhão de hectares. Entre os clientes com cartas assinadas estão produtores de grãos no Centro-Oeste e fazendeiros do setor sucroenergético do interior de São Paulo. Nesse grupo, revelou os nomes da Nardini Agroindustrial e da Tereos.
“Ao longo do processo eu ouvi que aportes individuais seriam difíceis de se encontrar. Conseguimos mostrar que ainda existem empreendedores com visão e ousadia de sonhar os mesmos sonhos que os nossos, de superação e força diante de qualquer obstáculo”, ressalta o fundador.
Leal não revela o nome do novo investidor. Diz apenas que é gaúcho e, como Medeiros, um empreendedor que construiu uma empresa do zero e a vendeu, recentemente. "Os dois acreditaram na minha loucura de explorar os recursos do espaço, começando pela riqueza da terra, no agro", diz Leal.
“Uma startup que em seis meses cresce absurdamente desenvolvendo um produto inédito, do absoluto zero, com aportes de pessoas físicas, não é todo dia que se vê, ainda mais no Brasil”, comenta Leal.