É muito comum chegar a uma concessionária de automóveis ou a uma loja de máquinas agrícolas e ter um banco da montadora pronto para financiar o bem que está sendo adquirido pelo consumidor ou produtor.

Mas ao tratar de equipamentos de irrigação, por exemplo, essa facilidade deixa de existir. Alex Kalef, fundador e sócio da AgroPermuta, viu aí uma oportunidade para começar seu negócio com a agfintech no final de 2020.

“Geralmente, quando se pensa em montar uma agfintech, se olha para o financiamento de insumos. Em investimentos, especialmente em irrigação, há menos agentes atuando”, conta Kalef.

A AgroPermuta faz um “plano de pagamento” para o produtor rural, como descreve o fundador, por meio de CPR Financeira. Este plano fica atrelado à produção, por meio de contrato, além do equipamento, que fica alienado até a quitação, numa espécie de "barter parcelado".

“O prazo é sempre de três anos, com cinco pagamentos trimestrais. A pessoa que adquirir o bem agora em agosto, pagará a primeira parcela em abril, uma carência de oito meses. E o produtor já pode fazer a venda antecipada para ter os recursos no vencimento”, explica Kalef.

A startup já tem uma carteira de R$ 30 milhões. “Podemos chegar facilmente aos R$ 50 milhões até o fim de 2023 e temos capacidade para até dobrar a cada ano. Mas queremos crescer com qualidade”, diz o sócio.

Os dados oficiais sobre área irrigada e potencial de crescimento no Brasil baseiam essa perspectiva da AgroPermuta.

Segundo dados do Atlas da Irrigação da Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil tem pouco mais de 8 milhões de hectares irrigados atualmente, mas a área potencial para receber sistemas de irrigação soma quase 56 milhões de hectares.

Atualmente, cerca de 70% da carteira da AgroPermuta é voltada para o financiamento de sistemas de irrigação. “Depois, há uma participação parecida entre máquinas, implementos e sistemas de energia solar”, detalha Kalef.

O fundador afirma que a inadimplência na AgroPermuta é baixa, ficando abaixo de 0,2% da carteira total. Por enquanto, os recursos são próprios, e ainda não há perspectiva de entrada de novos sócios. A taxa cobrada do produtor é de 1,30% ao mês.

A AgroPermuta trabalha em parceria com revendas e afirma que a operação é digital “até certo ponto”.

“É um negócio feito quase integralmente de relacionamento. Nós conhecemos os produtores por meio das revendas, e a partir daí, ficamos próximos deles, sempre conversando, mesmo que por mensagens”, conta Kalef.

Os principais investimentos da AgroPermuta serão voltados à melhora da análise de crédito e monitoramento de garantias, especialmente das máquinas.

“Hoje, o ticket médio fica em até R$ 2 milhões, e eu atendo produtores que têm entre 400 hectares e 4 mil hectares. Com o novo sistema, eu posso baixar esse ticket médio, para cerca de R$ 500 mil, e assim atender mais produtores”, conta.

O centro do novo modelo é aumentar o monitoramento dos bens financiados. “Vamos adotar um sistema para verificar se o equipamento está sendo utilizado corretamente e também colocar um rastreador, para diminuir as perdas com roubos e furtos”.

Além disso, Kalef pretende diminuir o tempo de análise de crédito. “O objetivo é retirar ao máximo a burocracia da operação. A tecnologia permite o uso destes instrumentos hoje em dia”, afirma.