Na linguagem do mercado financeiro, um “unicórnio” consiste em uma startup que passa a ser avaliada por um valor superior a US$ 1 bilhão. Um exemplar dessa espécie ficou ainda mais robusto nesta terça-feira, 30 de janeiro, nos Estados Unidos

A agtech Inari Agriculture, que utiliza Inteligência artificial e tecnologia de edição genética multiplex no desenvolvimento de sementes para grandes culturas, fechou a captação de US$ 103 milhões junto a grandes investidores. Com essa rodada, a startup passou a ser avaliada em US$ 1,65 bilhão.

Participaram da rodada grandes investidores do mercado norte-americano. Entre eles, está a CPP Investments, um fundo de pensão gigante do Canadá que tem participação em grandes empresas brasileiras. O fundo tem cerca de R$ 2 trilhões sob gestão, dos quais mais de 2,5% estão alocados no Brasil.

Também participaram da rodada grandes gestores como Hanwha Impact, Rivas Capital, NGS Super, um fundo de aposentadoria do estado de Michigan e a Flagship Pioneering, que já tinham uma fatia do capital da startup.Como novos investidores, destaque para o fundo RCM Private Markets, da gestora Rokos.

A Inari tem sua sede em Cambridge, no estado de Massachusetts, e usa tecnologia para desenvolver variedades de milho, soja, trigo e outros grãos que precisam de menos água, espaço e fertilizantes.

No ano passado, a startup se envolveu em uma polêmica. A gigante Corteva entrou com uma ação judicial no estado de Delaware, acusando a Inari de “conspirar para roubar sementes de alta tecnologia”.

No processo, a Corteva alega que a agtech usou um agente terceirizado para obter sementes desenvolvidas com tecnologia protegida por patente, exportou ilegalmente para a Europa, fez pequenas modificações genéticas nas características biotecnológicas e agora está buscando patentes nos EUA para essas características modificadas.

O contencioso, aparentemente, não afetou o interesse dos investidores. Em rodadas anteriores, a última no ano passado, a Inari já havia levantado US$ 475 milhões. Com a atual, a startup já chega a quase US$ 600 milhões levantados em aportes.

Ponsi Trivisvavet, CEO da Inari, disse que a atual captação é importante para que a empresa possa dar um próximo passo em seus negócios.

“Essa rodada veio em um momento muito positivo para a companhia, pois vai ajudar a evoluir da fase de desenvolvimento de tecnologias para uma mais comercial, fazendo nosso produto chegar aos produtores agrícolas”, diz o executivo.

A Inari foi criada em 2016, pela Flagship Pioneering, que tem em seu ecossistema empresas que atuam no segmento de alta tecnologia para biociência, como a farmacêutica Moderna, e as agtechs Indigo e Invaio.