O número de startups com soluções voltadas para o setor tem crescido ano a ano e os produtores têm aderido cada vez mais a programas e ferramentas digitais que auxiliam desde análise de solo até gestão financeira.

Mas a Totvs, uma das maiores empresas de tecnologia do país, encomendou uma pesquisa para saber de forma mais exata qual é a relação do agronegócio com as ferramentas mais avançadas de gestão. E constatou que ainda há muito a se fazer nesse terreno.

A pesquisa, realizada pela consultoria h2r insights & trends, mediu o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) de 350 empresas do agronegócio com faturamento acima de R$ 20 milhões por ano. Em uma escala que vai de 0 a 1, o setor ficou com uma média geral de 0,58.

“De modo geral, esse resultado indica o uso moderado de tecnologia pelo agronegócio. Existe aí um potencial para elevar a aderência às ferramentas, que sem dúvida ajudam na produtividade”, afirma Fabrício Orrigo, diretor de produtos de Agro da Totvs.

Apesar de ressaltar esse uso moderado, Orrigo afirma que o agronegócio está à frente de outros setores que foram objeto de pesquisas semelhantes feitas anteriormente. Em 2022, por exemplo, levantamento semelhante no segmento de varejo chegou a um IPT de 0,43. Em 2021, estudos feitos com Serviços e Logística trouxeram índices de 0,54 e 0,38, respectivamente.

A pesquisa Agro foi dividida em sete subsegmentos. Produção de sementes, de multicultura e comercialização tiveram as maiores participações, acima de 20%, seguidas de pecuária, com 19%, agroindústria e bioenergia, com 14% cada, e processamento e beneficiamento, com 8%.

O índice leva em conta dois pilares em relação ao uso de ferramentas de gestão. O nível de utilização nos sistemas internos das empresas, e o ganho de performance com essas tecnologias.

O segmento de bioenergia teve o melhor desempenho no IPT, com 0,67. “É o setor onde mais atuamos e a pesquisa confirma que a utilização das tecnologias traz bons resultados”, afirma Orrigo. As empresas de multicultura ficaram com índice próximo ao de bioenergia, com 0,64.

Os outros segmentos ficaram todos abaixo de 0,6. O caso mais curioso é no segmento de processamento e beneficiamento. O levantamento diferencia o índice das empresas que são clientes da Totvs e as que não são, chegando a uma média.

No caso deste segmento, a diferença entre as duas categorias foi grande. As companhias clientes da Totvs tiveram índice de 0,65, mas as não clientes ficaram com 0,45. Assim, na média, o IPT de processamento e beneficiamento foi de 0,54.

O pior índice ficou com a produção de sementes, que ficou com 0,49. Agroindústria ficou com IPT de 0,55, comercialização registrou 0,56, e pecuária teve 0,57.

Outro ponto importante da pesquisa é que somente 19% das empresas participantes ficaram com índices acima de 0,75. A maioria ficou entre 0,5 e 0,75, com 46% das companhias colocadas nesse intervalo.

Outro indicador medido pela pesquisa da Totvs é o Índice de Prontidão Futura (IPF), que mede a intenção das empresas de fazer investimentos futuros em tecnologias de gestão.

O indicador ficou em 0,51, o que, segundo Orrigo, mostra que as empresas e produtores rurais ainda têm dificuldades para definir as prioridades quando se trata de tecnologia.

“Muitas empresas do agronegócio não têm área de Tecnologia da Informação. Mas vemos que há um potencial muito grande para atender essas companhias com ferramentas complementares, de perfil mais segmentado”, diz o diretor da Totvs.

Na metade de 2023, a Totvs tinha um portfólio de aproximadamente 600 clientes no setor de agronegócio. Segundo Orrigo, esse número está mais próximo de 700 no momento.

“Nós queremos ampliar a nossa atuação. Continuamos focados em desenvolver uma solução para o segmento de comercialização, e já sabemos que ela tem uma ótima aplicação na produção de açúcar e algodão, por exemplo”.

Orrigo afirma que o caminho para essa ampliação deve ser principalmente o das parcerias e aquisições e citou a participação na rodada de captação feita pela startup Cromai, fechada em fevereiro.

“Nós queremos também crescer com cooperativas, mas sabemos que é um modelo de negócio mais complexo. Tanto que algumas preferem desenvolver seus próprios sistemas. Mas há espaço para atuar com elas também”.

Sobre o momento mais desafiador para o agronegócio, o executivo afirma que a Totvs ainda não sentiu impactos negativos. “Claro que estamos monitorando e estamos preocupados. Mas até agora, não tivemos qualquer problema”.