Apesar de crescer em ritmo acelerado nos últimos anos, o investimento em Venture Capital ainda é uma realidade distante para a maioria das pessoas físicas que poupam dinheiro.

Mas no agronegócio, especificamente, surgem cada vez mais iniciativas em que grandes empresas e produtores entram como acionistas em empresas que estão em fase inicial de desenvolvimento.

No caso da gestora NovoAgro Ventures, o modelo de negócio é diferente do tradicional. O investidor compra um pedaço da própria gestora, que direciona os recursos para startups selecionadas pelo seu time de análise.

“Hoje, temos 118 investidores no nosso capital, e 95% deles são ligados ao agronegócio, entre produtores, agrônomos e até veterinários”, conta Léo Dias, CEO da NovoAgro.

Atualmente, estes investidores possuem 40% do capital da NovoAgro, e segundo Dias, o retorno tem sido positivo. “Quem entrou logo no início, em 2020, pagou R$ 7,50 por ação. Hoje, quem entra, paga mais de R$ 20”.

Ao comprar ações da gestora, o retorno do investidor depende do desempenho das startups escolhidas pela NovoAgro. Neste momento, são 24 empresas.

“Vamos chegar a 30 ainda este ano. No começo, até chegamos a fazer uma saída porque a startup não estava desempenhando. Mas mudamos a estratégia e resolvemos manter o portfólio até chegar a este número. A partir do ano que vem, vamos avaliar trocas, mantendo 30 na carteira”, explica Dias.

Geralmente, a gestora limita sua participação no capital da startup a 10%, com permanência entre seis e sete anos. “Na hora da venda, 20% do capital fica com a NovoAgro, e o restante do lucro é distribuído”.

Dias afirma que a gestora evita entrar na gestão operacional das startups, com foco na participação em decisões estratégicas.

“Além de gestora, nós atuamos como uma incubadora e aceleradora também. Nós visitamos clientes com os sócios, representamos as empresas em feiras, fazemos reuniões semanais, definimos metas”, diz o CEO da NovoAgro.

Além dos investidores Anjo, a gestora conta com a Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e com a rede de Venture Builders FCJ na sua composição acionária.

A Faemg tem cerca de 600 mil produtores associados. Segundo Dias, a relação com a Federação permite saber dos problemas do setor, e ao mesmo tempo facilita a atração de investidores.

Uma das empresas que estão sendo analisadas para receber aporte pela NovoAgro oferece um software de gestão de sindicatos. “A Faemg tem mais de 400 sindicatos associados”, conta o executivo.

Dias conta que a gestora entra em startups com valor de mercado avaliado entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões, com o objetivo de atingir R$ 10 milhões no primeiro ano.

“A exceção na nossa carteira é a Arado, empresa que conecta pequenos produtores a restaurantes. Quando entramos, ela já valia R$ 100 milhões e hoje ela está avaliada em R$ 200 milhões”.

No começo, a NovoAgro era mais concentrada em startups voltadas para a produção de café, uma das culturas mais fortes em Minas Gerais. Mas atualmente, as investidas atuam em segmentos que vão desde a pecuária leiteira até contabilidade especializada para o agronegócio.

“Quando dividimos as startups por desempenho, acredito que na carteira atual, há um equilíbrio entre casos de fracasso, de resultado mediano e de sucesso. A partir do momento em que formarmos o número de 30 empresas, o objetivo é melhorar essa relação”, afirma Dias.