Quando a agtech JetBov surgiu no mercado, há quase dez anos, a digitalização da pecuária de corte – uma das operações mais complexas e tradicionais do agronegócio – ainda era um território praticamente inexplorado.
Atualmente, o cenário é bem diferente. A agtech contabiliza que mais de 10 milhões de cabeças de gado passaram pela sua plataforma, que conta com 4 mil propriedades ativas e uma operação que ultrapassou o Brasil e está em outros sete países ao redor do mundo.
Agora, a empresa fundada por Xisto Alves está ampliando suas operações para aumentar a capilaridade de seu software com um sistema de franquias, que está em atividade desde o fim do ano passado, mas está sendo lançado oficialmente agora, segundo a empresa informou em primeira mão ao AgFeed.
Já foram lançadas cinco unidades JetBov nas cidades de Boa Vista (RR), Marabá (PA), Marília (SP), Maringá (PR) e Vilhena (RO). Outras três franquias devem ser inauguradas ainda no primeiro semestre deste ano.
No sistema, cada franqueado entra com um investimento inicial – que a JetBov prefere não revelar — para comercializar os serviços, implantar a plataforma, dar suporte técnico e realizar eventos utilizando a marca da agtech.
O perfil desses franqueados são empresas de consultoria agropecuária. A preferência por esse tipo de empresa foi proposital, na avaliação de Xisto Alves, para manter o nível de qualidade dos serviços prestados pela JetBov.
“Somos bem rigorosos na seleção, porque a gente entende que tem que ser consultorias realmente que possam levar essa parte mais estratégica para dentro da fazenda. O mais importante no sistema é a qualificação, o franqueado tem que atender a esses requisitos”, afirma.
Além disso, Alves destaca que o interesse das consultorias em participar desse tipo de formatação vem acontecendo de forma natural.
“As empresas de consultoria que têm pessoal e estrutura já tinham uma importância significativa na própria gestão de alguns pecuaristas que usavam o sistema JetBov. E algumas delas já usavam o nosso sistema para atender aos próprios clientes”, afirma.
A ideia é que os franqueados tenham retorno com a venda dos serviços, a partir de um percentual da assinatura que é paga pelos pecuaristas ao assinarem os produtos da empresa.
A JetBov tem quatro planos, começando a partir de R$ 99,90 no pacote mais básico. “Enquanto o cliente permanece na plataforma, o parceiro também recebe uma parte dessa recorrência”, afirma Alves.
Como a agtech também está presente em clientes de fora do Brasil, em países como Paraguai, Uruguai, Bolívia, Peru, Moçambique, Angola e Portugal, há a possibilidade de internacionalizar o sistema de franquias, mas, enquanto a operação está no começo, a JetBov quer concentrar o projeto no Brasil.
O sistema de franqueados é uma evolução de um programa de parceiros que a JetBov vem implementando desde 2021 e que utiliza o modelo de marketing digital de indicação.
Nesse sistema, os parceiros indicam a utilização da plataforma pelos pecuaristas, e ganham um percentual em cima da venda, que é feita pela empresa.
“A gente começou a perceber que muitos técnicos, muitas pessoas que estão ligadas à pecuária, e de alguma forma atendem o produtor vendendo equipamentos, sistema de identificação animal, serviços, parte reprodutiva, ou gestão, nos procuravam e se interessavam pela plataforma. porque viam que era complementar ao produto que estavam oferecendo”, explica Xisto Alves.
Hoje são 270 parceiros dentro desse programa. Conforme o projeto foi avançando, a JetBov percebeu que havia também uma oportunidade de escalar comercialmente seu produto, a partir de empresas de consultoria agropecuária que já estavam utilizando a plataforma.
“Identificamos que havia uma forma de como a gente poderia criar um sistema, uma rede de parceiros, que não seriam somente aqueles que indicam o JetBov, de forma mais pontual, mas que pudessem atuar como uma extensão da empresa”, afirma Xisto Alves.
Para coordenar o projeto, a JetBov contratou recentemente um novo diretor comercial, Josias de Souza.
A agtech também utilizou parte dos R$ 1,74 milhão que arrecadou entre o fim de 2023 e o começo de 2024 em uma rodada do tipo crowdfunding na plataforma EqSeed.
“O objetivo dessa captação era investir nesse modelo de criação de novos canais de distribuição do software”, afirma o CEO da JetBov.
Para este ano, Xisto Alves não projeta a abertura de uma nova rodada de investimentos.
Desde que foi criada, a JetBov já conseguiu captar cerca de R$ 8,2 milhões no mercado em diferentes rodadas de investimento.