Uma cápsula inflável de material super resistente e design futurista é a nova aposta da fabricante de fragrâncias e ingredientes francesa Robertet para responder a demandas de consumidores sobre a origem das matérias primas usadas em seus produtos.
A empresa é a primeira do mundo a adquirir um BioPod, uma espécie de estufa futurista produzida pela startup de biotecnologia Interstellar Lab e que está sendo apontada como uma das mais promissoras tecnologias para a viabilização da produção de alimentos em ambientes hostis – inclusive em outros planetas.
A encomenda foi firmada no começo de outubro e deve ser a primeira de uma série a ser realizada pela companhia francesa, que mantém 14 centros de pesquisa dedicados a explorar o mundo dos ingredientes naturais.
O BioPod é uma estrutura de 11 metros de comprimento, 5 de largura e 6 de altura, que pode ser instalada sem fundação, que oferece até 100 metros quadrados de espaço de cultivo altamente controlado.
Ele funciona como casulo autônomo e utiliza uma adaptação terrestre de um sistema originalmente desenvolvido para a NASA. Opera em circuito semifechado, otimizando o ciclo da água e capturando CO2 ambiente.
Equipado com sensores e sua inteligência artificial, o BioPod recria climas de forma autônoma, possibilitando a produção de plantas de alto valor agregado e ingredientes naturais de forma sustentável e replicável.
Com uma membrana transparente capta a luz solar e reduz o consumo de energia da luz artificial. Graças às tecnologias e ao controle automatizado usando algoritmos treinados, o BioPod mantém as condições ideais para o crescimento das plantas e sua composição molecular, reduzindo significativamente a superfície de cultivo, a água e a energia.
"A chegada deste BioPod ilustra a estratégia de inovação da Robertet: usar tecnologias de ponta para oferecer aos nossos clientes os melhores produtos naturais para uma indústria mais sustentável",
"Com o BioPod, estamos oferecendo uma solução para a transição ecológica da indústria", afirma Barbara Belvisi, fundadora e CEO da Interstellar Lab.
Barbara conta que, desde criança, sonhava com a ideia de vida em outros planetas, onde haveria cúpulas gigantes cheias de plantas. Ela estudou finanças e negócios e depois especializou-se em investimentos em empresas de tecnologia.
Foi uma das fundadoras da Hardware Club, uma empresa de investimentos focada em robótica, até que, em 2018, decidiu criar uma empresa baseada nos seus sonhos.
“Tive que aprender muito sobre tecnologia aeroespacial, biociências, agricultura e arquitetura para começar”, diz ela.
Sua ideia era usar as cápsulas para “criar as condições climáticas e atmosféricas perfeitas para a vida”, onde quer que elas sejam implantadas.
Para isso, cada BioPod conta, em sua base, com equipamentos eletrônicos e hidráulicos superavançados para controle do ambiente. No interior, o cultivo segue o sistema hidropónico, sem solo. Um spray de fertilizante líquido, adaptado às plantas específicas cultivadas, fornece nutrientes. Um algoritmo monitora e ajusta as condições para otimizar o crescimento das plantas.
A empresa afirma que o BioPod pode reduzir o uso de água em 98%, reduzir as necessidades de energia em 20 vezes e melhorar os rendimentos.
Com uma equipe formada por engenheiros com passagens por empresas como Disney, Tesla e SpaceX, a empresa também deve instalar um BioPod na base da Nasa em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), e já trabalha junto com a agência espacial americana no desenvolvimento de um modelo para ser instalado na estação espacial internacional.
Seria um passo para colocar a BioPod a caminho de Marte, mas ainda há alguns desafios para fazer com que a tecnologia fique mais leve e confiável em condições extremas como as encontradas no espaço.