De onde vem o café que você está tomando? Tem certeza de que o cacau do chocolare que você comprou ou mesmo o algodão de uma roupa de grife têm a origem anunciada pelo vendedor?

A startup Oritain, com sede na Nova Zelândia, tem as respostas.

A empresa acaba de concluir uma rodada de captação de série C, em que levantou US$ 57 milhões, completando um financiamento de US$ 70 milhões, para expandir geograficamente seus serviços, que utilizam técnicas de análise forense para verificar a origem de alimentos e fibras, entre outros produtos.

A empresa também pretende usar os recursos para ampliar o número de materiais para aplicar suas análises. Atualmente são 25, atendendo cerca de 100 clientes, inclusive multinacionais como a Nestlé, para quem analisa cafés para a marca Nescafé no Brasil, ou a Lacoste, com algodão.

A preocupação dos clientes da Oritain é garantir a procedência do que estão comprando, de forma a ter certeza de que terão a qualidade necessária em seus produtos.

A Oritain utiliza processos de análise de isótopos estáveios e elementos como zinco, ferro e potássio presentes nas matérias primas de origem agrícola para criar uma espécie de “impressão digital” de cada um deles, identificando sua origem.

A tecnologia é baseada em técnicas desenvolvidas na área forense. Assim como os peritos criminais utilizam aspectos ambientais para relacionar pistas de um crime com o local onde ele teria acontecido, a Oritain aplica essa mesma premissa para determinar onde foi cultivado e por onde passou determinado produto.

A comparação de amostras com a “identidade” de um grão de café ou de cacau de uma determinada região indicaria, assim, a sua procedência.

Aceita nos tribunais, a abordagem CSI tem sido cada vez mais adotada por grandes empresas, inclusive para comprovar crimes de adulteração ou contaminação em suas cadeias de fornecimento.

“Somos todos produtos do nosso ambiente”, explicou o CEO Grant Cochrane ao AgFunder News. “No caso dos alimentos, existem muitas variáveis diferentes, mas estamos medindo coisas que criam uma impressão digital indelével”.

Ele afirma que, para commodities como café, cacau ou soja, as empresas estão sob pressão crescente de clientes, investidores e reguladores para determinar exatamente de onde vêm seus produtos. E entende que leguislações mais restritivas sobre originação dessas commodities, como as impostas pela União Europeia em relação a áreas de desmatamento, criam novas oportunidades de negócios para a empresa.

Cochrane afirma que as receitas da Oritain vêm crescendo a a uma taxa anual de 90% nos últimos sete anos. Segundo ele, “há muita fraude motivada economicamente” no universo dos alimentos. Ele afirma que a empresa já detectou problemas em produtos de nutrição infantil exportados para a Chinaem vinhos que misturavam produtos de diferentes países e até carnes, no Reino Unido, que não correpondiam à origem declarada.

O desafio da empresa ao usar a técnica no agro é ao prazo de validade estabilidade das suas “impressões digitais”, dado que cada categoria de produto é única e pode variar a cada safra.

“Para um novo produto, podemos levar até um ano para ficar operacional, mas uma vez que o produto esteja operacional, podemos ser muito, muito rápidos [para implementar testes para clientes]. Mas é isso que muito do novo financiamento nos ajudará a fazer, para diversificar em mais e mais produtos.”