Um pai que estava à busca de alimentos orgânicos para alimentar a filha recém-nascida assistiu a uma matéria sobre agricultura indoor no Japão e resolveu testar esse modelo em um ponto histórico de São Paulo.

Resumidamente, essa é a história da 100% Livre e de seu CEO e fundador, Diego Gomes. A empresa, que cultiva hortaliças em ambiente controlado na mesma rua do Museu do Ipiranga, na capital paulista, acaba de fechar parceria para vender seus produtos na rede Pão de Açúcar, do GPA, e vai quintuplicar sua capacidade de produção em uma nova unidade.

Atualmente, a 100% Livre tem capacidade para produzir até 40 toneladas de alimentos por mês. Com a nova unidade, localizada em Osasco, na grande São Paulo, essa capacidade vai passar para 200 toneladas.

A 100% Livre teve início com uma parceria entre Gomes e a Embrapa. Até hoje, a empresa mantém uma unidade de testes na sede do órgão, em Brasília.

Os produtos não podem ser chamados de orgânicos, porque o processo de produção envolve hidroponia, que consiste em uma produção sem solo, no qual as plantas recebem uma solução nutritiva com água.

A fazenda de Osasco está em fase de construção, segundo Gomes. Mas ele também já olha para outros mercados além de São Paulo.

“Estamos há cinco meses conversando para abrir unidades em outras regiões. As prioridades são mercados grandes em números de consumidores, e com baixa produção de alimentos. Estamos olhando para Rio de Janeiro, Nordeste e Sul”, conta o CEO.

Essa expansão está atrelada a um novo aporte de investimentos na startup, que Gomes espera concluir até o começo de 2024. Em janeiro deste ano, o executivo disse que buscava R$ 45 milhões para abrir nove novas fazendas.

No ano passado, a BMPI Venture, braço de venture capital da BMPI Infra, injetou R$ 10 milhões na 100% Livre.

Na parceria com o GPA, a startup inova na forma de vender seus produtos. A empresa colocou em uma das lojas da rede uma “geladeira” que abriga uma horta indoor portátil, para a produção, ali mesmo, de vegetais como alface, agrião e manjericão.

“A geladeira custou R$ 10 mil para o GPA e estamos fazendo um teste na loja da Avenida Brigadeiro Luís Antônio (região central de São Paulo), que fica no mesmo prédio da sede da companhia”, diz Gomes.

Depois deste primeiro teste, a ideia é instalar a “geladeira’ da 100% Livre em outras lojas premium do Pão de Açúcar. “Estamos conversando para estar presentes em mais 12 unidades”, relata o CEO.

"Geladeira" da empresa instalada em loja do GPA

Os produtos da 100% Livre já estão presentes em redes como Carrefour, Hirota, Mambo, Natural da Terra e O Dia.

Questionado sobre a possibilidade de vender esses equipamentos diretamente para o consumidor, Gomes afirma que ainda não pensou em um modelo, e que está focado nas redes varejistas.

“Mas podemos chegar ao momento de virar uma espécie de ‘Nespresso’ dos temperos e folhagens”, afirma. O custo para se ter uma geladeira da 100% Livre varia de acordo com o tamanho, entre R$ 5 mil e R$ 200 mil.

Além da expansão geográfica, a 100% Livre está começando a aumentar o portfólio de produtos. Há pouco mais de um mês, passou a oferecer cogumelos dos tipos shimeji e shitake.

Ainda em fase de testes, a empresa está começando a produzir tomates e morangos. “A previsão é começar a vender esses produtos no primeiro semestre de 2024”, projeta Gomes.

Outro alvo da 100% Livre é atingir outros mercados. A empresa já produziu lúpulo para a Ambev. “Estamos conversando com hotéis, escolas, restaurantes. Até porque nós conseguimos atender sob demanda”, diz Gomes.

No GPA, o começo tem sido promissor. O executivo conta que os produtos duram cerca de uma semana na geladeira, mas tem precisado repor a cada dois ou três dias.