O ano começou como terminou para a Agrotoken, agtech de origem argentina que se tornou referência na tokenização de ativos do agronegócio. Se no apagar das luzes de 2023 a empresa comemorava a entrada da gigante de meios de pagamento Visa em uma rodada de captação aberta pela companhia, a entrada em 2024 foi marcado pelo anúncio de que outra gigante, a megatrading Bunge, também participou do aporte, fechado assim em US$ 12,5 milhões – cerca de R$ 60 milhões, no câmbio atual.

O destino dos recursos estão definidos, segundo informou o cofundador e CEO da Agrotoken, Eduardo Novillo Astrada, ao AgFeed: expandir seus negócios no Brasil.

“Cerca de 80% destes recursos serão direcionados para crescimento no Brasil. Queremos chegar nas áreas mais fortes em produção de grãos, tanto ao norte quanto ao sul do país”, afirma Astrada.

Astrada mudou-se para o Brasil em fevereiro do ano passado, por conta da relevância que o país ganhou dentro das operações da empresa.

Para 2024, os planos do executivo são ambiciosos. Além de tocar projetos com grandes empresas parceiras, a Agrotoken avalia abrir mais uma rodada de investimentos.

“Estamos preparados para não precisar de novos aportes por dois anos, mas já temos essa nova rodada planejada para setembro. Até lá, vamos avaliar como se comportam as receitas e o fluxo de caixa, para saber se vamos mesmo precisar”, revela Astrada.

Os novos recursos serão utilizados, segundo o executivo, em duas frentes. Uma é colocar os pés em novos mercados. “Pretendemos entrar nos Estados Unidos. E miramos atuar em outros países também”.

A outra frente é levar a tokenização para outras culturas, já que hoje a Agrotoken atua com soja e milho. “Queremos começar a oferecer essa alternativa em produtos como café e bovinos, por exemplo”, diz Astrada.

Um dos grandes trunfos da Agrotoken para ampliar sua carteira de parceiros é a rastreabilidade. O CEO explica que a empresa tem um sistema diferente do que é praticado normalmente quando se fala desse tipo de serviço.

“Normalmente, a rastreabilidade visa só fornecer informações. No nosso caso, fazemos uma rastreabilidade comercial, com o objetivo de viabilizar transações com os ativos rastreados”, explica Astrada.

Atualmente, a Agrotoken está desenvolvendo três projetos com a sua nova investidora, a Bunge. Esse desenvolvimento começou antes mesmo desta rodada de investimentos em que a gigante do segmento de comercialização teve participação importante.

“Um destes projetos é exatamente de rastreabilidade. Estamos em outro projeto com a Raízen, de rastreabilidade de etanol”, diz o executivo. Em agosto passado, a empresa fechou uma parceria com a Broto, plataforma digital do Banco do Brasil que vende produtos e serviços para os agricultores.

Hoje, a Agrotoken tem uma equipe de 70 pessoas no Brasil, e segundo Astrada, a tendência é ampliar esse número. “Se fecharmos esses contratos que estamos negociando, vamos precisar. Além disso, queremos ter uma equipe comercial nas regiões em que vamos chegar, e precisamos também de mais gente em tecnologia”.