Criado para reunir empresários e famílias tradicionais do agronegócio para investir em inovação no setor, o AgroVen deve abrir, em 2024, uma plataforma para permitir a participação de pequenos investidores no seu ecossistema.
O clube de investimentos acaba de receber sinal verde da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para operar uma plataforma de financiamento coletivo, conhecida como crowdfunding.
“Devemos lançar para o mercado no começo do ano que vem”, revelou ao AgFeed Sílvio Passos, fundador e presidente do Conselho de Administração do AgroVen.
A plataforma já tem nome. Vai se chamar AgroVen Acesso e, diferentemente do clube, em que os associados fazem aportes em startups em troca de participação nas empresas, o foco dessa nova frente deve ser em financiar projetos, oferecendo retornos baseados no sucesso dos empreendimentos, mas sem equity.
O AgroVen nasceu em Uberlândia em 2019, reunindo um grupo de empresários ligados ao agro na região, sob iniciativa de Passos. Hoje, o clube conta com seis diferentes capítulos, que congregam 250 membros de oito diferentes estados.
Além de produtores rurais e family offices ligados a empresários do setor, também passou a admitir membros corporativos. De acordo com Passos, são 30 associados nessa categoria, entre eles empresas como Bayer, SLC Ventures, Ourofino, Ubyfol e Minerva.
“Esse é mais um passo que damos dentro do nosso propósito de unir a inovação ao capital”, afirma Passos. “E o capital nem sempre é apenas o financeiro. A presença de produtores e empresa do agro aporta também capital intelectual, com conhecimento do agro e de suas necessidades”.
Com um sistema de monitoramento que acompanha cerca de 1,4 mil agtechs e foodtechs no Brasil, o AgroVen tem uma metodologia própria de análise das startups, que passam por um escrutínio do clube antes de serem apresentadas aos membros em encontros bimestrais.
Cada um deles têm liberdade de decidir se desejam ou não investir na empresa. “O AgroVen não tem portifólio de investidas. Quem tem são os membros”, diz Passos.
Nos quatro anos de existência, o AgroVen participou, através dos associados, de dez rodadas de investimentos em nove diferentes empresas – em uma delas, o AgroVen participou em duas rodadas.
Entre as investidas que receberam cheques do clube estão Solusolo, Maneje Bem, Muda Meu Mundo e AgroBee.
Pelo estatuto do clube, valores não são abertos. O que Passos revela é que há três teses de investimento, com diferentes faixas de recursos. A primeira, com cheques de até R$ 1 milhão, é para empresas em fase inicial (early stage), mas já operacionais.
A segunda é para rodadas pré-série A, até R$ 4 milhões. Recentemente, o clube decidiu abrir uma terceira possibilidade, já para investimentos em rodadas série A, até R$ 8 milhões. Ainda não foi feito nenhum investimento nesta modalidade.
Com a entrada no crowdfunding, o AgroVen dá mais um passo na diversificação dos seus modelos de atuação, que vai se adaptando às demandas e aos perfis dos associados. Além da expansão geográfica e da entrada de membros corporativos, outra frente que o clube tem atuado é no apoio à criação de estruturas de corporate venture junto a empresas do setor.
Segundo Passos, “o conceito tem evoluído de clube para rede, aproveitando a força das conexões que construímos”. O grupo mantém o modelo de encontros periódicos dos associados para discutir teses de investimento e avaliar empresas, mas hoje tem organizado também fóruns de negócios temáticos.
“Já ocorreu de haver negócios entre os membros, com um comprando a empresa do outro ou fechando parcerias para distribuição de produtos”, afirma, sem citar nomes.