A estratégia mais comum adotada, nos últimos tempos, por empresas do agronegócio que enfrentam momentos desafiadores é a recuperação judicial. Trata-se de um instrumento legítimo, mas que geralmente vem acompanhado de conflitos com credores e perda de autonomia na gestão.

Com 48 anos de história e uma cultura organizacional baseada na confiança e na proximidade com o produtor, a Agrofito escolheu um caminho diferente.

Referência em distribuição de insumos agrícolas e soluções de irrigação, a empresa optou pela recuperação extrajudicial, uma solução mais ágil e, acima de tudo, coerente com seus valores.

No dia 12 de junho passado, a Justiça homologou o plano proposto pela companhia, consolidando uma reorganização construída a partir do diálogo com os credores e voltada para o fortalecimento da operação.

“Optamos pela recuperação extrajudicial por entendermos que seria o caminho mais eficiente, menos traumático para o nosso ecossistema e mais coerente com a nossa cultura de responsabilidade e transparência”, afirma Francisco Toledo, CEO da Agrofito.

Fundada por seu pai, Ademar Toledo, a Agrofito sempre manteve vivo o modelo de “revenda de dono”, sustentado por vínculos profundos com os produtores.

“Um ponto central na tomada de decisão foi preservar o nosso corpo de colaboradores, que sempre esteve ao nosso lado e ajudou a construir a reputação que temos hoje no mercado”, diz Francisco Toledo.

Com presença em importantes regiões agrícolas de São Paulo – como Matão, Taiúva, Ibitinga, Santa Cruz do Rio Pardo, Tupã, Garça e Dumont –, além de operações em Uruaçu (GO) e Gurupi (TO), a empresa se destaca não apenas pela capilaridade, mas pela capacidade de oferecer soluções completas ao produtor rural.

Durante a estruturação do processo de RE, a Agrofito manteve a operação ativa e, ao mesmo tempo, seguiu investindo em inovação, tecnologia, aprimoramento da estrutura física e qualificação de pessoas. Na prática, a iniciativa foi além de uma simples reorganização financeira.

O modelo adotado permitiu à Agrofito preservar sua governança, respeitar acordos com fornecedores e promover um ambiente de previsibilidade junto aos parceiros de negócios.

O resultado foi uma adesão relevante ao processo: a maioria do quórum de credores aceitou os termos propostos pela empresa, com mais de 55% de apoio ao plano e aprovação superior a 60% na categoria com garantia real.

“Estamos ainda mais fortalecidos”, diz Toledo. E complementa: “Desenhamos o plano para termos uma adesão de 100%, mas alguns fornecedores, por motivos internos, não conseguiram entrar. Dos 36 fornecedores de insumos listados, 20 aderiram como parceiros.”

Com a base financeira reequilibrada e o respaldo de parceiros estratégicos, a Agrofito voltou a concentrar esforços naquilo que sempre esteve no centro de sua trajetória: crescer com responsabilidade.

De acordo com o CEO, o novo ciclo de expansão é pautado por pilares bem definidos, que combinam disciplina financeira, excelência operacional e foco no cliente.

Um dos marcos da nova fase da Agrofito foi a mudança para uma nova sede em Matão, no interior de São Paulo. O espaço abriga uma estrutura moderna e um centro logístico avançado, projetado para integrar todas as áreas operacionais da companhia.

Com tecnologia, eficiência e melhor aproveitamento dos recursos, a nova sede se tornou o coração da Agrofito, centralizando decisões estratégicas e reforçando a capacidade da empresa de atender com agilidade, qualidade e escala os produtores em todas as regiões onde atua.

“Não adianta ter uma boa plataforma de vendas se não houver quem entregue com agilidade e qualidade”, diz Toledo.

Com a nova estrutura, a Agrofito eleva a eficiência da cadeia de abastecimento, otimizando o atendimento ao produtor.

Também em Matão, a empresa mantém o CTA (Centro de Tecnologia Avançada), uma área experimental de três hectares dedicada à validação de produtos, tecnologias e protocolos agronômicos.

O espaço funciona como um laboratório a céu aberto, onde a inovação é testada por meio de experimentos conduzidos em parceria com fornecedores e produtores locais.

Outro destaque da estratégia de crescimento é o investimento em irrigação, um segmento em que a Agrofito tem presença consolidada nas principais regiões que demandam tecnologia hídrica. A empresa atua tanto com irrigação localizada quanto com sistemas de pivô central.

Nesse campo, a empresa representa no Brasil a marca Irritech, fabricante chinesa especializada em pivô central e com presença em mais de 30 países, reconhecida por unir alta tecnologia a preços competitivos.

Os resultados são expressivos: já foram instalados 10 pivôs no Estado de São Paulo e 28 no Tocantins, além de mais de 3,6 mil projetos desenvolvidos em irrigação localizada e mil instalações concluídas com essa tecnologia

Para dar suporte técnico, a Agrofito conta com uma equipe especializada na elaboração de sistemas personalizados para cada tipo de propriedade.

Outro avanço importante está na frente digital. A companhia desenvolveu um aplicativo proprietário, atualmente em uso interno, que funciona como uma espécie de CRM.

A Agrofito também marca presença na cadeia do amendoim por meio de uma operação verticalizada que abrange o armazenamento em silos próprios, o beneficiamento de grãos e a exportação com marca própria.

Com foco em inovação, eficiência e proximidade com o produtor, a Agrofito mostra que está preparada não apenas para enfrentar os desafios do presente, mas para ser protagonista de um novo ciclo de crescimento do agronegócio brasileiro.