Como prometido, a AgriZone, área paralela à realização da COP 30, de fato está sendo o grande ponto de encontro do agronegócio brasileiro durante a conferência de Belém. Lideranças de associações, produtores influentes e rostos conhecidos das empresas do setor circulam pelo espaço montado na sede da Embrapa Amazônia Oriental – um amplo terreno de 3 mil hectares dentro da capital paraense – que lembra, em muitos momentos, uma grande feira agrícola.
A dúvida, porém, permanece: o evento está alcançando quem está fora da bolha do agro? Alguns visitantes estrangeiros foram vistos no pavilhão central nesta quarta-feira, mas a maioria do público era formada por nomes já ligados ao setor, marcando reencontros entre “figurinhas carimbadas” e reforçando a sensação de que a AgriZone prega sobretudo para convertidos.
Só no leque
Os desafios estruturais do Parque da Cidade também aparecem dentro da AgriZone. No pavilhão principal, sem ar-condicionado, o calor abafado domina. Leques de papel distribuídos na entrada viram item essencial, um sinal quase subliminar da própria organização de que o ambiente não foi pensado para resistir às temperaturas de Belém. Ventiladores espalhados ajudam, mas não dão conta. Haja braço.
Preços em conta
Pelo menos comer é fácil. O espaço de alimentação é amplo e, mesmo no horário de pico desta quinta-feira, havia mesas disponíveis – talvez um indicativo de que o público não está tão numeroso. As opções vão da culinária local a sushis, com preços bem mais em conta do que os da Blue Zone. Uma marmita com escondidinho de charque custou R$ 20 a este repórter, bem distante dos R$ 49 cobrados por uma salada de camarão na área restrita da COP.
Procura-se
Cumprindo agendas em Brasília, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ainda não foi a Belém. Sua presença era aguardada para o evento oficial de abertura da AgriZone, na terça-feira, mas, no lugar de Fávaro, a pasta enviou o secretário de Desenvolvimento Rural do Mapa, Marcelo Fiadeiro. Espera-se que Fávaro compareça à COP 30 apenas no fim da conferência, em evento na Blue Zone.
De escanteio
Uma fonte próxima à pasta está com a sensação de que a pasta deixou mesmo a COP 30 em segundo plano, seja pela agenda pouco animadora divulgada já depois que o evento começou, seja pela ausência do ministro no começo da COP. O problema é que isso contrasta com a vontade do setor produtivo - ao menos no discurso - de que o agro tenha protagonismo na conferência. A ver se a situação muda nos próximos dias.
Empresas do agro espalhadas
Os estandes do pavilhão principal da AgriZone reúnem sobretudo entidades setoriais e instituições financeiras. Há pequenos estandes de grandes empresas, mas as bases das companhias na COP não estão ali, e sim espalhadas por Belém. A Minerva Foods opera um espaço em um hotel na Av. Duque de Caxias, próximo ao Parque da Cidade, enquanto a Bayer concentra suas atividades na Casa Bayer, na região central da capital paraense.