O Brasil deve ter o papel de defender e demonstrar que é possível haver uma conciliação entre sustentabilidade e produção agropecuária na COP 30, que será realizada em Belém, capital do Pará, em novembro deste ano. A avaliação é do governador do Pará, Helder Barbalho, que participou do GAFFF nesta sexta-feira, dia 6 de junho, em São Paulo (SP).

“Que olhemos para a COP como uma oportunidade de chamamento ao mundo e ao nosso próprio país para a conciliação econômica produtiva e, particularmente no estado do Pará, da produção advinda do uso do solo. [Precisamos trabalhar] para gerar consciência produtiva de uso de solo para combater ilegalidade, reduzir emissões e implementar atividades econômicas de baixas emissões para demonstrar que preservar e produzir não são conflitantes, são concilitários”, afirmou em painel.

Barbalho disse que a COP é um momento de mobilização e que a conferência traz uma oportunidade “extraordinária” para o país. “Para que possamos apresentar o que o Brasil tem feito de maneira correta e apresentar ao mundo que nós temos a produção rural mais extraordinária e competitiva globalmente, ao mesmo tempo que somos um país que preserva o estoque florestal se diferenciando como ator relevante e necessário para o equilíbrio climático”, disse Barbalho.

Dessa forma, defendeu, o País deve deixar se tornar um “refém” das opiniões externas sobre sustentabilidade.

“Vai ser a grande oportunidade para que possamos virar a chave, não sejamos refém da cobrança global de sustentabilidade, para que o Brasil possa se apresentar como case sustentável”, afirmou o governador do Pará.

Barbalho também mencionou a criação da Lei de Responsabilidade Ambiental do Estado do Pará, que foi sancionada ontem, dia 5 de junho.

A nova legislação do estado vai financiar projetos de sustentabilidade a partir de recursos obtidos através das taxas de fiscalização cobradas pelo Executivo local para atividades de exploração de recursos hídricos e minerais, além de montantes oriundos de compensação financeira pelo uso de recursos naturais.

Com isso, o Fundo Estadual de Meio Ambiente, responsável pela gestão de projetos de bioeconomia e combate a incêndios no estado, deve passar de um volume de R$ 100 milhões no ano passado para R$ 1 bilhão, segundo Barbalho.

Questionado pelo AgFeed em entrevista a jornalistas, Barbalho evitou dizer quanto desse recurso deve ser destinado a projetos de agricultura sustentável e bioeconomia da Amazônia. “A atividade de sustentabilidade deve ser olhada de maneira transversal”, limitou-se a dizer.

Um desafio que o governo do Pará precisa cumprir é a rastreabilidade individual de todas as cabeças de gado que estão em seu território até dezembro de 2026. O estado tem o segundo maior rebanho bovino, com pouco mais de 25 milhões de cabeças, segundo dados do IBGE, perdendo apenas para Mato Grosso.

Com a rastreabilidade, é possível saber com precisão em qual fazenda cada animal nasceu e por quais propriedades passou ao longo de seu ciclo de vida e, dessa vez, rastrear a movimentação do gado nos fornecedores indiretos, que são as fazendas por onde o animal passa nas fases de cria e recria.

O Pará começou a colocar a identificação nos bovinos em setembro do ano passado, quando o boi Pioneiro recebeu dois brincos - um de identificação visual e um botton elétrico, que será o padrão adotado pelo estado.

Grandes empresas como JBS e Grupo Carrefour Brasil, além dos frigoríficos Mafrinorte e Rio Maria, aderiram no fim de abril ao programa de rastreabilidade do governo paraense.

Só o Carrefour anunciou investimento de R$ 10 milhões feito pelo Carrefour. A JBS também iria entrar com um valor, que não foi revelado na ocasião. O montante será destinado à compra dos brincos eletrônicos.

“Nosso foco central é financiar e apoiar o pequeno produtor, que tenha até 100 hectares de propriedade, porque são estes que precisam do suporte e do apoio para garantir o cumprimento destas metas.”, disse Barbalho.

Resumo

  • Governador participou do GAFFF, em São Paulo, onde defendeu um papel mais ativo do País em demonstrar a relação entre agropecuária e sustentabilidade
  • Para Helder Barbalho, Brasil precisa deixar de ser "refém" das opiniões externas nesse tema
  • Ele afirmou que nova Lei de Responsabilidade Ambiental do Pará deve propiciar aumento das verbas do Estado para projetos de bioeconomia