O ano de 2024 foi atípico para o faturamento do setor de defensivos químicos para a cana-de-açúcar, com quedas de 18% em reais e de 14% em dólar ante o ano anterior.
Segundo levantamento da Kynetec Brasil, a receita do setor variou de US$ 1,785 bilhão para US$ 1,530 bilhão, ou seja, de R$ 9,191 bilhões para R$ 7,545 bilhões entre os anos.
Esse “vale” no faturamento ocorreu, segundo especialista em pesquisas da Kynetec Lucas Alves, à normalização da oferta das moléculas dos defensivos após três anos de impactos da pandemia no comércio global e à queda do dólar no período das compras dos insumos, no primeiro semestre de 2024.
“Os preços dos insumos tiveram uma inflação grande entre 2021 e 2023 com a restrição de moléculas, fábricas fechadas e fretes mais caros e difíceis. Essa curva inverteu-se em 2024 com a normalização do fornecimento, principalmente da China, que voltou a produzir”, disse o especialista ao AgFeed.
Segundo Alves, o pico do dólar, com a moeda norte-americana atingindo R$ 6,27 em dezembro de 2024, não atingiu os insumos, que têm boa parte da oferta importada. “As aplicações de defensivos são maio e a compra do insumo em 2024 escapou do pico de dólar”, afirmou.
No entanto, para 2025 o cenário é de uma alta nos preços e de aumento no faturamento em Real do setor de defensivos para cana, segundo o especialista em pesquisas da Kynetec.
“Em linhas gerais, o preço em moeda local (dólar) está estável, porém há o fator cambial, com dólar saindo de R$ 5,10 e para R$ 5,50, o que será repassado no preço final”, explicou Alves.
Se os custos e o faturamento caíram e tiveram um ano atípico em 2024, o que não mudou, no entanto, foi o ritmo de aplicação dos defensivos nas lavouras canavieiras. A área potencial tratada (PAT) pelos produtos avançou 4% sobre 2023, para 83,7 milhões de hectares, se consideradas as diversas aplicações dos vários tipos de defensivos na cultura.
“Em linhas gerais o PAT é o melhor indicador, com crescimento médio de 5% ao ano ao longo dos últimos anos. Essa tendência deve seguir, pois o investimento é necessário já que o produtor usa porque precisa e não porque quer”, explicou Alves.
Conforme o levantamento, os insumos de matriz biológica corresponderam a 7% do mercado de defensivos para a cana ou R$ 553 milhões em 2024. Neste segmento, destacaram-se bioinseticidas e bionematicidas que, somados, equivaleram a 75% do total.
Segundo o especialista, o uso de biológicos é tendência também na cana, e cresce mais que o de químicos, que já está consolidado. “O produtor entendeu que o biológico tem efetividade comprovada e o tem adotado com mais frequência, principalmente para o controle de nematoides”, disse Alves.
Rankings
Levantamento da Kynetec apontou que os herbicidas seguem como os produtos mais utilizados nos canaviais, com 52% da movimentação ou R$ 3,9 bilhões. A categoria de inseticidas, na segunda posição, atingiu 34%, com R$ 2,6 bilhões.
Em relação ao ranking de pragas que mais demandaram insumos, as cigarrinhas movimentaram R$ 916 milhões e a Sphenophorus, “em ascensão”, R$ 802 milhões em 2024. A broca-da-cana, por sua vez, movimentou R$ 610 milhões.
A Kynetec também avaliou o perfil dos tomadores de decisão do mercado de agroquímicos da cana. De acordo com o estudo, 75% das áreas ficam sob responsabilidade de unidades produtoras de açúcar, etanol e energia, e 25% estão sob controle de fornecedores.
Ainda segundo o levantamento, a área plantada com a cultura totalizou 8,9 milhões de hectares nas regiões cobertas pelo estudo, um crescimento de 3% ante 2023. O estado de São Paulo concentrou 56% da área, seguido por Goiás, 12% e Minas Gerais-Espírito Santo: 11%.
Os técnicos da Kynetec percorreram 51 mil quilômetros em dez estados e 231 municípios da fronteira agrícola da cultura. O levantamento abrangeu 480 unidades produtivas, entre usinas e fornecedores, que representam 53% da cana nos estados analisados.