De um lado, a Hexagon, gigante multinacional sueca de tecnologia com faturamento de 5,4 bilhões de Euros, 24,5 mil funcionários em 50 países e com atuação desde dentro de um carro da Red Bull Racing nos circuitos de F1, até um trator para o transbordo na colheita da cana-de-açúcar no interior paulista.

Do outro, a Analítica, uma pequena empresa brasileira gerenciadora de dados que se especializou em arrumar a casa, compilando informações de dados gerados, que muitas vezes não são integrados e, consequentemente, se perdem por não serem processados.

Lado a lado em Ribeirão Preto (SP), onde fica um dos escritórios da Hexagon e a sede da Analítica, as duas companhias anunciaram uma parceria entre “Golias e Davi” para brigarem não entre elas, mas com os gargalos da tecnologia embarcada nas máquinas e na logística do agronegócio.

Há pouco mais de uma década no agronegócio, a Hexagon é uma das maiores fornecedoras de hardware, no caso displays ou computadores de bordo para máquinas que atuam no campo.

Mas a companhia buscava, e encontrou na Analítica, uma plataforma para integrar dados que estavam disponíveis no processo de trabalho dessas máquinas no campo. Dados que iam além do processo de automação e da agricultura de precisão, cada vez mais comum nas lavouras.

“O nosso hardware se juntou ao software da Analítica e gerou uma plataforma aberta para que as informações possam ser retiradas da plataforma e utilizadas pelo cliente, o que muitas vezes é impossível em outras companhias”, explicou Fabio Perna, diretor comercial e de serviços agrícolas da divisão de Autonomy & Positioning da Hexagon.

Com isso, um computador de bordo da Hexagon pode ser, ao mesmo tempo, utilizado para agricultura de precisão, como o piloto automático da máquina, bem como receber informações para decisões em tempo real nas operações em campo.

“O sistema pode ainda gerar informações para modelos de inteligência artificial”, disse o executivo.

Diretora de operações da Analítica, Melina Cais explicou que a tecnologia do software da companhia aplicada ao hardware da Hexagon trará mais agilidade em todo o processo agrícola. Ela citou que será possível ter desde uma recomendação personalizada para um operador, até soluções criadas pela inteligência artificial e robôs virtuais.

“O produtor não precisará mais gerenciar dados fragmentados. Um assistente virtual faz tudo isso de forma simples, apoia operadores e gestores e o resultado pode ser customizado da forma como o cliente quiser”, afirmou Melina

Ainda de acordo com as empresas, a parceria pretende “democratizar” o uso da plataforma e atingir não só o “Golias do agronegócio”, mas também o “Davi”, ou seja, o pequeno produtor.

A diretora de operações da Analítica avalia que, além do uso nas máquinas, a plataforma da companhia pode ser usada por verticais como companhias de seguros, empresas de insumos, revendas e administradoras de consórcios de máquinas.

“O nosso foco é aumentar a eficiência no agronegócio, eliminando as desconfianças do produtor quanto à tecnologia, alto investimento e necessidade de profissionais caros”, complementa Perna, da Hexagon.