Ao longo de todo o ano de 2024, em diferentes conversas com o AgFeed, o CEO da Kepler Weber, Bernardo Nogueira. Desenhou o roteiro escrito, em números, no balanço divulgado nesta quarta-feira, 26 de fevereiro.
Os números mostram um resultado bom, de crescimento, em um ano difícil para todo o agronegócio – e, portanto, também para um setor que envolve investimentos mais altos, como o de armazenamento e equipamentos pós-colheita.
E que foi obtido porque a companhia, líder do segmento no País, seguiu à risca uma estratégia de buscar clientes em todas as etapas das cadeias produtivas do agro – e não apenas no Brasil.
A receita líquida anual de R$ 1,6 bilhão, 6,3% acima da obtida em 2023 e ranqueada como a segunda maior da centenária história da empresa, foi obtida graças a crescimentos expressivos, por exemplo, nos segmentos de negócios internacionais (que subiram 78%) e de portos e terminais (mais 20%), além de elevações mais modestas também nos faturamentos das áreas de fazendas (6,8%) e reposições e serviços (4,2%).
Com isso, foi possível compensar a queda superior a 10% em receitas provenientes de agroindústrias, responsável por cerca de 30% dos negócios da Kepler Weber.
O segmento foi, segundo a empresa, um dos mais afetados pela elevação das taxas de juros e a escassez do crédito, que levou a uma retração de investimentos nos potenciais clientes. Ao fim do ano, trouxe faturamento líquido de R$ 492,6 milhões para a empresa.
No comunicado que acompanhou o balanço, Nogueira destacou justamente a estratégia de diversificação que ele vinha apontando durante o ano passado, ora em uma conversa no porto de Santos, ora em eventos junto ao mercado de capitais.
Para ele, isso contribuiu para que a Kepler Weber tenha conseguido mostrar resiliência e mitigar riscos em um cenário desafiador.
"Esse avanço é impulsionado por investimentos em inovação, eficiência operacional e um olhar atento às oportunidades, garantindo um portfólio mais equilibrado e preparado para o futuro", afirma Nogueira.
Em setembro passado, na visita a Santos, por exemplo, ele destacou o empenho da empresa em aproveitar uma onda de novos investimentos em terminais para ampliar a re eita no segmento. Deu certo.
A área fechou o ano com receita de R$ 113,4 milhões, contra R$ 93 milhões em 2023. E já contribui, segundo informou a empresa, para os números de 2025, já que pelo menos três vendas importantes realizadas no quarto trimestre – com projetos localizados em Santos, Rondonópolis (MT) e Candeias (BA) – e que devem incorporar R$ 31,3 milhões ao balanço deste ano.
Já o crescimento da área internacional – que atingiu receita líquida de R$ 199 mihões – deve-se, segundo a Kepler, ao bom desempenho em mercados do Paraguai e do Uruguai, especialmente junto a produtores de arroz, e à retomada do mercado argentino.
Nesse segmento, o quarto trimestre de 2024 foi destaque: R$ 78 milhões em receita líquida, crescimento de 142,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A contribuição das fazendas
Mesmo com os preços das commodities reprimidos, comprometendo as margens dos produtores, segmento de Fazendas, que representa a maior fatia do faturamento da empresa, conseguiu resultado positivo.
A receita líquida do setor ficou em R$ 519,9 milhões, pouco acima do ano anterior. O destaque, segundo a Kepler Weber, ficou para o desempenho nas regiões-chave, como Centro-Oeste e Matopiba, onde estão concentrados grupos com operações agrícolas de maior porte.
Além do crescimento da receita líquida, a Kepler conseguiu manter, mesmo no cenário mais adverso, as margens em níveis similares aos do ano anterior.
No acumulado de 2024, a margem operacional Ebitda foi de 20,8%, apenas 0,6 ponto percentual abaixo de 2023. O Ebitda ajustado ficou em R$ 334,8 milhões, aumento de 3,6% em comparação com 2023.
Já o lucro líquido ajustado foi contabilizado em R$ 200,9 milhões, com margem líquida de 12,5% (2,2 pontos percentuais inferior ao ano anterior).
“Para 2025, esperamos um mercado promissor, com uma safra recorde e volumes expressivos, mas também com altas exigências em termos de eficiência”, diz a mensagem da administração publicada com o balanço.
“Visualizamos um ano com sazonalidade para nosso segmento e um segundo semestre robusto e promissor”, destaca a empresa no documento.