A tecnologia indiana que promete reduzir o uso de fertilizantes tradicionais, como a ureia, agora será também fabricada no Brasil.
Como mostrou o AgFeed em novembro do ano passado, a maior cooperativa da Índia, a IFFCO (Indian Farmers Fertiliser Cooperative Limited), junto com o governo do país, chegou a investir US$ 300 milhões para desenvolver e ampliar a produção de nanofertilizantes.
O primeiro produto apresentado na Índia ao mercado foi a nano ureia líquida, que na época prometia substituir quase 14 milhões de toneladas de ureia convencional em apenas dois anos.
A amizade com o indiano Ritesh Sharma acabou aproximando o empresário brasileiro Fausto Caron da cooperativa. Os dois, então, criaram uma empresa – a Nanofert - para trazer os nanofertilizantes via importação e vender por aqui.
Mas o entusiasmo foi tanto que os sócios da Nanofert conseguiram convencer os indianos a fazer uma parceria e construir uma fábrica no Brasil. Assim nasceu a Nanoventions Brasil, uma subsidiária da IFFCO Nanoventions India.
“A nanotecnologia permite que você obtenha o mesmo resultado usando muito menos produto. Por estar em tamanho nano, as moléculas têm uma biodisponibilidade muito maior para a planta, a absorção é muito maior”, afirmou Fausto Caron ao AgFeed, na entrevista concedida em novembro.
Na época, ele ainda fazia segredo sobre onde seria instalada a fábrica. Agora, foi encerrado o mistério. Está marcada para esta sexta-feira, 21 de fevereiro, uma cerimônia de inauguração da pedra fundamental da fábrica, no município de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná.
Segundo um comunicado divulgado hoje pela empresa, trata-se de um terreno de 6,8 mil metros quadrados na fase 1, que poderá dobrar nos próximos anos. O investimento inicial é de US$ 12 milhões, o que, no câmbio atual, seriam R$ 68 milhões, aplicados em infraestrutura voltada para a produção e para o desenvolvimento de novas tecnologias.
A expectativa é de que sejam gerados 150 empregos diretos e 450 indiretos até 2029. A receita bruta é projetada em R$ 225 milhões para o quinto ano de operação.
A primeira fase da obra, segundo os empresários, inclui a construção de um Avançado Centro Nanotecnológico de Pesquisa e Desenvolvimento, com estrutura espelhada no laboratório da Nanoventions na Índia.
A capacidade de produção será de 4,5 milhões de litros anuais de nanofertilizantes, aumentando para 9 milhões de litros por ano nos próximos 5 anos.
A Nanoventions Brasil também pretende incentivar parcerias com universidades locais, a indústria e os produtores,” para desenvolver soluções sustentáveis e eficientes, juntamente com a cooperação dos principais institutos de pesquisa do Brasil e da Índia”.
“Além disso, com essa colaboração, a parceria baseia-se no princípio de tornar o Paraná um centro de nanotecnologia não apenas limitado ao setor agrícola, mas também à nutrição animal”, diz o texto.
Os primeiros lotes produzidos na nova fábrica do Brasil devem sair ainda em 2025, possivelmente em outubro.
"Estamos trazendo para o Brasil o que há de mais avançado em nanotecnologia agrícola. A Nanoventions Brasil é mais do que uma fábrica, é um centro de inovação”, destacam Fausto Caron e o sócio, Ritesh Sharma.
"Estamos extremamente orgulhosos de trazer ao Brasil uma tecnologia que está transformando a agricultura em nosso país. Essa iniciativa reflete nosso compromisso com a sustentabilidade, a inovação e a construção de um futuro próspero para os agricultores brasileiros e para o agro global," afirmou Dr A. Lakshmanan, diretor geral da IFFCO-Nanoventions.