O 2025 do setor de proteína animal deve ser de ainda mais crescimento tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacional. As projeções foram apresentadas pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em coletiva realizada em São Paulo.

A expectativa é que o setor registre um crescimento de 2,7% na produção de carne de frango, alcançando 15,3 milhões de toneladas. Desse total, 9,9 milhões de toneladas serão destinadas para atender ao mercado doméstico, alta de 2,1% em relação a 2024. Já o volume exportado deverá crescer 1,9% e alcançar 5,4 milhões de toneladas.

Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, a abertura de novos mercados na América Central e em países da África deve contribuir para o aumento dos embarques no próximo ano.

“Além disso, o reforço dos embarques para outros mercados na América do Sul e Ásia também devem contribuir, aumentando a diversificação de destinos para os nossos produtos".

Para suínos, a alta esperada é de 2% na produção, com 5,45 milhões de toneladas. A disponibilidade interna de carne suína deve se manter estável em 4 milhões de toneladas, assim como o consumo per capita, que deverá permanecer em 19 quilos.

“O consumo interno de carne suína deverá ser influenciado positivamente pela boa competitividade do produto entre as carnes, também influenciado pelos custos de produção em patamares equilibrados”, ressalta Santin.

Para as exportações, a entidade projeta um aumento de 7,4%, chegando a 1,45 milhão de toneladas. Santin avalia que a perspectiva se dá por conta de países com pré-listing como é o caso de Peru e Chile, a retomada de compras da Venezuela e uma perspectiva de compras mais estáveis do México.

“A eleição de Trump e a tendência de uma política mais protecionista dos EUA pode, inclusive, contribuir para que o México olhe com mais atenção para a proteína brasileira", avalia.

Depois de um 2024 marcado pela alta dos insumos, a expectativa da ABPA é de que haja um panorama positivo para 2025, com estabilização dos custos.

“Se mantidas todas as condições teremos milho suficiente para atender todas as frentes, produção, consumo humano e etanol de milho".

China deve estabilizar

Passados os efeitos da Peste Suína Africana (PSA) que afetou a produção de suínos na China, o mercado começa a ver um recuo na demanda externa do gigante asiático.

Em 2024, o volume de carne suína exportada pelo Brasil recuou 38,9% e chegou a 221.126 toneladas ante 362.101 toneladas em 2023.

“Com a recuperação da produção na China, enxergamos a tendência de que o volume de proteína animal comprado pelo país se estabilize nos patamares pré-PSA", avalia Santin.

Em 2018, ano em que a China registrou o primeiro caso de PSA, o volume de carne suína brasileira exportado para a China ficou em 1.447 toneladas.

Em 2024, a perspectiva é de que o volume fique em 1.300 toneladas e chegue a 1.400 toneladas em 2025.

Ao mesmo tempo, a demanda das Filipinas compensou a queda da China, aumentando em 107,6% o volume comprado do Brasil, com 234.878 toneladas entre janeiro e novembro, ante 113.156 toneladas em 2023. Com o aumento, o país se tornou o principal destino da carne suína brasileira.

“E mesmo com o recuo da demanda chinesa nos suínos, nossas exportações cresceram 11% em volume total, indicando a consolidação da nossa indústria exportadora no mercado global", pondera Santin.

O panorama para a carne de frango é similar em relação à China. De janeiro a novembro de 2024, o volume embarcado para o país teve queda de 19,5% em 2024, passando de 632.299 toneladas para 508.747 mil toneladas.

Ainda assim, Santin avalia que o mercado chinês deve continuar sendo o principal comprador da carne de frango brasileira.

Crescimento em 2024

Depois de um 2024 desafiador, com embargos à carne de frango por conta da doença de Newcastle e dos impactos causados pelas enchentes que devastaram regiões do Rio grande do Sul entre abril e maio, as exportações brasileiras de carne de frango devem encerrar o ano com alta de 3,1% no volume.

Santin explica que o aumento dos custos dos insumos também impactou o setor, com o farelo de soja subindo 6% em 2024 e os preços do milho, 28%.

De janeiro a novembro, foram embarcadas 4,8 milhões de toneladas de carne de frango, aumento de 3,7% no volume em relação às 4,6 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período de 2023. A receita obtida no período cresceu 1% e chegou a R$ 9 bilhões.

A expectativa é de que sejam embarcadas 5,3 milhões de toneladas de frango no acumulado de 2024, ante 5,139 milhões de toneladas em 2023.

O volume de embarques de carne suína no fechamento de 2024 também deve ter alta, de 9,8% no volume, passando de 1,23 milhão de toneladas em 2023 para 1,35 milhão de toneladas.

Entre janeiro e novembro, o volume embarcado foi de 1.243 toneladas, aumento de 11,1% em relação ao mesmo período de 2023. Já a receita no período cresceu 7,3%, alcançando R$2,77 bilhões, ante R$2,58 bilhões.

No mesmo período, a produção de proteína animal aumentou e chegou a 15 milhões de toneladas para a carne de frango, crescimento de 1,1% em relação às 14,883 milhões de toneladas de 2023.

O volume produzido de carne suína cresceu 3,8% e encerrou o ano com 5,35 milhões de toneladas, ante 5,156 milhões de toneladas em 2023.

Estados Unidos desaceleram

As perspectivas de queda na participação dos Estados Unidos no mercado global também podem ser uma oportunidade para o Brasil ampliar o volume embarcado de frango no próximo ano.

Dados apresentados pela ABPA apontam que a participação do país norte-americano deve cair de 27% para 10% no market share global, com recuo nas exportações especialmente para destinos como China, Taiwan, Hong Kong e África do Sul.

Em 2024, a produção de carne de frango nos EUA cresceu 11%, enquanto as exportações recuaram 15%, passando de 1,29 mil toneladas em 2023 para 1,09 mil toneladas em 2024, especialmente de cortes como coxa e sobrecoxa.

Santin pondera que os dados indicam uma mudança nos hábitos alimentares dos norte-americanos, que estão demandando mais esses cortes que até então priorizavam o consumo das carnes mais brancas do frango.

Esse cenário abre espaço para o crescimento do Brasil, que, segundo Santin, “já se confirmou no crescimento de 3,1% e deve continuar em 2025”, já que os dois países são concorrentes nesses cortes.

Consumo Per Capita em crescimento

No mercado interno, o atual quadro econômico brasileiro com redução da inflação e melhora das taxas de emprego, deverá contribuir para a manutenção do consumo, que vem crescendo a cada ano.

Para 2025, a estimativa é de aumento de 2,2% no consumo per capita, que deve chegar a 46,6 quilos. O consumo per capita de frangos cresceu 1,1% em 2024, passando de 45,1 quilos para 45,6 quilos. Já o consumo per capita de carne suína deverá crescer 3,8% em 2024 e chegar a 19 quilos.

Diante desse cenário, a disponibilidade de carne de frango no mercado doméstico registrou alta de 0,6%, passando de 9,694 milhões de toneladas para 9,7 milhões de toneladas.

No caso dos suínos, o volume de carne disponível no mercado interno teve alta de 1,9%, passando de 3,926 milhões de toneladas em 2023 para 4 milhões de toneladas em 2024.