Em seu primeiro passo para a internacionalização, o empresário Ricardo Faria, chairman da Granja Faria, uma das líderes na produção de ovos no Brasil, está cruzando o Atlântico.

Ele acabou de anunciar a aquisição do controle acionário do Grupo HEVO, um dos maiores produtores de ovos na Espanha, por meio da holding Global Egg, que a partir de agora concentra os negócios do empresário relacionados a ovos no mundo.

A holding possui os mesmos sócios da Granja Faria e pagou 120 milhões de euros pela companhia espanhola, algo em torno de R$ 730 milhões pela cotação atual.

O controle estava com a gestora Cleon Capital. “Parte do dinheiro da compra foi proprietário e outra parte foi uma dívida da companhia de longo prazo, que corresponde a uma vez o Ebitda, que assumimos”, disse Ricardo Faria.

O Hevo Group tem um faturamento estimado em 180 milhões de euros anuais. Em termos operacionais, são 15 granjas distribuídas em diversas regiões como Cataluña, País Basco, Madrid e Valencia, com um plantel de cerca de 4 milhões de aves. A produção é estimada em 3 milhões de ovos por dia.

O grupo é dono de quatro marcas: Dagu (que fica em Madrid), Agas (entre Madrid e Valencia), a ROIG (Catalunha) e a Larrabe (País Basco).

Faria estima que com a compra, terá “grande parte do PIB espanhol coberto”, numa estratégia parecida com a da Granja Faria no Brasil, de ter presença em todas as regiões.

O empresário classificou a empresa como “boa, alinhada e rentável”, mas com oportunidades de aumentar a eficiência.

“Hoje a companhia tem uma capacidade de alojamento de quatro milhões de aves, mas só possui 3,5 milhões”. Ricardo Faria projeta investir em mais 770 mil galinhas soltas nos próximos 12 meses.

Segundo ele, a experiência de trabalhar no Brasil, um país em que as taxas de juros são altas, ajuda os empresários na eficiência de Capex.

Faria estima que o Hevo possui cerca de 8% do mercado em termos de produção e cerca de 11% em faturamento. O líder local, o Grupo Huevos Guillén, possui 10% do market share espanhol em termos produtivos.

“A ideia é chegar perto de 30% nos próximos cinco anos. Temos apetite, eficiência e estrutura de capital para suportar esse crescimento”, afirmou Ricardo Faria. Num mercado estimado em 35 milhões de aves alojadas por ano, o mercado, em valores, é de 1,6 bilhão de euros.

Ricardo Faria conta que chegou a avaliar mercados no Oriente Médio, América Latina e nos Estados Unidos, mas encontrou uma oportunidade mais interessante na Europa.

Nos países vizinhos, ele estima que Portugal possui dois competidores, um com 40% do mercado e outro com 30%. Na Itália, situação parecida, com um líder com 40%.

A dinâmica na Espanha lembra muito a brasileira, onde a Granja Faria (que possui 10% do market share nacional) disputa a liderança do mercado com a Mantiqueira, que possui um mercado próximo ao da empresa de Ricardo Faria.

“Depois de todo esforço, só temos 10% no Brasil. É um mercado bastante pulverizado aqui na Espanha, mas ainda menos que no Brasil. Nosso foco agora é chegar no sul da Europa - França, Itália, Portugal e Espanha”.