O sorriso mostrado no período anterior já desapareceu do rosto de Bill Anderson, CEO da Bayer. Ao comentar o novo resultado trimestral da companhia, divulgado na manhã desta terça-feira, 12 de novembro, ele voltou a usar expressões de desapontamento.
Com prejuízo líquido de € 4 bilhões e queda de vendas em todas as suas divisões, com destaque para a agrícola, ele admitiu que os números não eram "bonitos" e classificou o cenário como "frustrante" para os investidores.
E o mercado respondeu com o mesmo sentimento. Nas primeiras horas do mercado europeu, as ações da companhia alemã recuavam mais de 12%.
Além do desempenho abaixo do esperado, desagradou ao mercado a visão de que não deve haver reversão tão breve desse quadro. A Bayer, na verdade, acredita que as dificuldades continuarão. Por isso, revisou para baixo suas estimativas para os números anuais de 2024 e as perspectivas para 2025.
Segundo o guidance atualizado, a companhia prevê fechar este ano com lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização entre € 10,4 bilhões e € 10,7 bilhões – a previsão anterior falava em um intervalo entre € 10,7 bilhões e € 11,3 bilhões.
E para o próximo ano, a empresa declarou ter "perspectiva moderada", afirmando que a recuperação de alguns mercados, em particular o agro na América Latina, não vem ocorrendo da forma esperada.]
“No geral, esperamos uma perspectiva moderada sobre o lucro líquido e o lucro bruto no ano que vem, com provável queda nos lucros. Planejamos acelerar nossas medidas de redução de custos e ganho de eficiência para compensar parcialmente e permanecer focados na conversão de caixa”, declarou o CFO da companhia, Wolfgang Nickl.
A divisão agrícola tem sido a principal dor de cabeça de Anderson nesse período. Houve nova redução nas vendas, que caíram 3,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2023 e ficaram em € 4 bilhões.
Ainda pesam sobre a área os litígios “adquiridos” juntamente com a compra da Monsanto, em 2017. Com processos bilionários relacionados a possíveis efeitos cancerígenos do herbicida Roundup, Anderson colocou como um dos principais pilares de sua gestão reduzir o impacto dessas ações sobre a empresa.
Em um vídeo divulgado em seu perfil no LinkedIn também na manhã da terça-feira, o CEO da Bayer voltou a dizer que os litígios são “o principal peso” carregado pela empresa hoje e que “não há solução rápida” para o problema, mas que ele continua entre suas prioridades.
Anderson voltou a destacar o processo de reorganização que tem buscado realizar desde que assumiu a companhia, no ano passado, com demissões em grande número e a descentralização de decisões, buscando dar mais agilidade aos processos internos.
Somente este ano, mais de 5,4 mil pessoas foram dispensadas e a empresa admitiu que ainda deve haver mais cortes nos próximos meses.
“Estamos apenas no primeiro de uma jornada de três anos”, disse Anderson no vídeo. “Ainda há muito a ser feito”.