Depois de mais de um ano em tendência de alta, os pedidos de recuperação judicial no agronegócio, tanto de produtores pessoa física quanto pessoas jurídicas, arrefeceram no terceiro trimestre deste ano.
Segundo dados do Serasa Experian apesentados na manhã desta terça-feira, 12 de novembro, de julho a setembro deste ano foram 106 pedidos de agricultores PF e 92 de PJ. Ainda que quando comparado há um ano atrás os números mostram fortes altas, na comparação direta com o segundo trimestre deste ano, há uma queda.
Nas pessoas físicas, o número de pedidos passou de 214, no segundo trimestre de 2024, para 106 no terceiro. Nas pessoas jurídicas, o número passou de 121 para 92.
No caso das empresas relacionadas ao agronegócio, houve uma baixa de 40,4% nas solicitações. Em um ano, o número ficou estável em 56 pedidos. De abril a junho de 2024, foram 94 pedidos.
No geral, somando todos os pedidos realizados na cadeia (Produtores PF + Produtores PJ + Empresas Agro), houve uma baixa de 40,7% na comparação com o segundo trimestre de 2024.
Na avaliação do head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, o cenário de queda é animador, mas ainda exige uma análise cautelosa, levando em consideração o contexto econômico e sistêmico.
“Precisamos lembrar que a economia não costuma sofrer grandes mudanças em curtos períodos. Acreditamos em um represamento no segundo trimestre, que acabou inflando a quantidade de solicitações e impactando a relação com o período seguinte. O ideal é que sigamos analisando os próximos meses para chegarmos em conclusões mais assertivas”, afirmou.
Pimenta já havia previsto essa desaceleração nos últimos meses. Em uma entrevista concedida ao AgFeed em agosto, ele mencionou que havia notado uma perda de velocidade dos pedidos nos últimos meses e que, após números em alta no segundo trimestre, os pedidos deveriam baixar a partir de julho, considerando o delay natural até os produtores requisitarem o pedido e de fato entrarem em RJ.
Nos produtores pessoa física, a maior baixa foi vista nos pequenos proprietários, que somaram 14 pedidos. O Serasa pontuou que o pior cenário ainda fica com os arrendatários de terra.
"Para os produtores rurais que lidam com mais essa modalidade de comprometimento financeiro, além dos fatores econômicos, o desafio acaba sendo ainda maior", comentou o head de agronegócio da Serasa Experian.
No terceiro trimestre, os produtores que não são proprietários somaram 43 pedidos, metade do visto no segundo trimestre. Os médios recuaram de 36 para 32 pedidos do segundo para o terceiro trimestre. A maior parte dos pedidos veio de Goiás (36), Mato Grosso (19) e São Paulo (14).
Nos produtores PJ, a maior parte dos pedidos veio de sojicultores, com 59 pedidos. Além dele, foram cinco pedidos de produtores de algodão, 15 de pecuaristas, cinco de cerealistas e três de cafeicultores.
Os dois estados que mais receberam pedidos de RJ nesses casos foram Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com 22 cada.
Nas empresas ligadas ao agro, foram 10 pedidos de agroindústrias de transformação, cinco de revendas agrícolas, e outros doze na categoria “serviços de apoio à agropecuária”.
“Além disso, algumas áreas registraram leve aumento, as Indústrias de processamento de agroderivados aumentaram de 13 para 14 solicitações e a categoria de Revendedor de Insumos Agropecuários (exceto máquinas), subiram de seis para 10”, acrescentou o Serasa, levando em consideração a comparação entre o segundo trimestre deste ano e o terceiro.