A esperada reação do setor de máquinas agrícolas ainda pode demorar alguns trimestres para surgir nos balanços das montadoras de máquinas agrícolas.

Por enquanto, a cada nova divulgação de resultados os executivos das empresas buscam formas de apontar luzes no horizonte, reduzindo o impacto dos números negativos passados.

Diante de uma queda global de quase 25% na receita líquida no terceiro trimestre de 2024 – que fechou em US$ 2,6 bilhões, contra US$ 3,4 bilhões no mesmo período de 2023 –, Eric Hansotia, CEO do grupo americano AGCO, por exemplo, destacou nesta quarta-feira, 5 de novembro, os esforços em agricultura digital companhia, reforçada com a compra das operações da Trimble, em abril passado.

"Continuamos a executar nossa estratégia Farmer-First, focada em aumentar a lucratividade ao longo do ciclo com nossas três iniciativas de alta margem, mudanças recentes de portfólio e ações agressivas para controlar despesas, incluindo nosso programa de reestruturação em andamento", disse, em comunicado que acompanhou o relatório trimestral.

"A reafirmação de nossa perspectiva de margem operacional ajustada para o ano inteiro de 9% ressalta essa transformação, especialmente considerando a significativa desaceleração do mercado no terceiro trimestre”.

Em seguida, vieram as justificativas para os números ruins, que reproduzem o que já havia sido dito em trimestres anteriores. “Os baixos preços das commodities e os altos custos de insumos levaram ao aumento do conservadorismo de nossos revendedores e agricultores”, afirmou.

O resultado foi uma política de cortes contínuos de produção “para ajudar a reduzir os estoques da AGCO e dos revendedores." O grupo é dono das marcas Massey Ferguson, Valtra e Fendt, entre outras.

Somados os três trimestres do ano, as vendas atingiram US$ 8,8 bilhões, uma queda de 17,3% em comparação com o mesmo período de 2023.

Com lucro de US$ 0,40 por ação, o último período pelo menos ajudou a reduzir o prejuízo líquido registrado no ano, até agora, que ficou em US$ 2,27 por ação. No ano passado, em nove meses, a empresa havia apresentado lucro líquido de US$ 11,10 por ação.

A marcha mais lenta dos negócios acontece em todas as regiões. Mas o ritmo está especialmente arrastado na América do Sul, onde as vendas recuaram mais de 47% no trimestre, em relação ao ano passado – de USS 720 milhões para US$ 382 milhões.

“A demanda por novos equipamentos diminuiu ainda mais na maioria dos mercados globais, principalmente porque a renda agrícola mais baixa persiste para os produtores agrícolas”, afirmou Hansotia.

“Continuamos esperando uma maior adoção de tecnologia de precisão, mas a economia agrícola mais desafiadora está resultando em uma demanda global mais fraca da indústria na maioria das categorias de equipamentos”.

Considerando o período de nove meses de 2024, a redução da vendas de máquinas no mercado sul-americana ficou em 42%, “excluindo o impacto da conversão cambial desfavorável e o impacto favorável de uma aquisição”. Segundo a AGCO, as quedas mais significativas ocorreram na Argentina e nos mercados menores.

“A demanda no Brasil foi impactada negativamente pelas enchentes no Rio Grande do Sul, enquanto uma primeira safra desafiadora na região do Cerrado continua a afetar o comportamento de compra dos agricultores”, anoutou a AGCO no release de resultados.

A expectativa do grupo é fechar o ano com US$ 12 bilhões em vendas em todo o mundo, refletindo o movimento mais baixo em suas concessionárias.