Não são só os fundos listados expostos à CRAs da Agrogalaxy que devem enfrentar problemas daqui para frente. Após a queda generalizada de Fiagros na Bolsa enquanto o mercado estava aberto nesta quinta-feira, 19 de setembro, chegou a vez dos fundos fechados emitirem seus primeiros prognósticos.
Um deles, em especial, chamou a atenção no “day after” do pedido de recuperação da plataforma de varejo de insumos controlada pelo Aqua Capital: o FIDC Agrogalaxy Fronecedores, conhecido no mercado como Fiagro do AgroGalaxy, fundo criado para captar recursos destinados a financiar produtores na compra de insumos na rede.
Em um fato relevante publicado ao final, a Oliveira Trust, administradora do FIDC, afirmou que, diante da situação jurídica da companhia, vai convocar uma assembleia geral de cotistas (ainda sem data definida) para decidir sobre a continuidade das operações do fundo ou a liquidez antecipada dos ativos entre os investidores.
De imediato,foi interrompida a compra de novos direitos creditórios até a realização da assembleia.
O Fiagro do AgroGalaxy foi estruturado pela agfintech TerraMagna e lançado em setembro do ano passado, com uma oferta inicial de R$ 100 milhões.
Segundo reportagem do site Globo Rural, ao longo deste ano o AgroGalaxy triplicou o valor do patrimônio, que teria saltado de R$ 355 milhões em janeiro para pouco mais de R$ 1 bilhão em julho.
O aporte mais recente aconteceu em maio deste ano e foi de R$ 400 milhões. Antes, havia captado com family offices e bancos. A participação do AgroGalaxy é minoritária no fundo.
O dinheiro não é emprestado diretamente ao AgroGalaxy, mas sim aos agricultores, antecipando recebíveis na compra de insumos. Apesar disso, a rede de revendas tem responsabilidade sobre as operações, dando garantia ao processo.
Na captação de R$ 400 milhões, em maio, por exemplo, o investidor teria exigido, de acordo com o Globo Rural, que a rede de revendas assumisse obrigações relativas às cotas. Assim, na prática, o “risco do dinheiro dos investidores” está atrelado ao AgroGalaxy.
A questão é que é inédito no mercado uma empresa detentora de um grande fundo entrar em RJ e, até pelos trâmites da recuperação ainda serem desconhecidos, há dúvidas sobre o futuro do FIDC.
Para a continuação de suas operações, o AgroGalaxy precisará de dinheiro. De outro lado, entretanto, os investidores podem, por aversão ao risco, retirar o dinheiro do FIDC e optar por investir em outros ativos.