A profunda transformação da gigante alemã do setor químico Basf, prometida para acontecer desde dezembro do ano passado, deve ganhar novos capítulos nos próximos dias.
No fim de 2023, a companhia havia anunciado que pretendia transformar a área agrícola e de materiais para baterias em estruturas à parte, para "aumentar a resiliência" do negócio.
Agora, a empresa germânica parece dar novos sinais nessa direção: na semana que vem, a Basf se prepara para anunciar uma possível listagem da divisão de produtos agrícolas, que produz herbicidas e fungicidas, nos próximos anos.
A empresa também deve comunicar que vai vender ou ir atrás de “parceiros” para partes de seu negócio de revestimentos, segundo informou a Bloomberg nesta quarta-feira, 18 de setembro.
A Basf também poderá anunciar planos para o desenvolvimento adicional de seu negócio de materiais para baterias.
Segundo relato, a comunicação das mudanças na companhia deve ser feito pelo CEO da Basf, Markus Kamieth, entre os dias 26 e 27 de setembro, no Capital Markets Day, evento da Deutsche Telekom, maior companhia de telecomunicações da Alemanha.
"Publicaremos informações sobre nossa estratégia na próxima semana, no Capital Markets Day", disse um porta-voz da empresa à agência Reuters.
O negócio de produtos agrícolas, que registrou vendas de 10 bilhões de euros no ano passado, pode ter um valor de mercado de 20 bilhões de euros, ainda segundo a Bloomberg.
Já a movimentação na área de revestimentos, que registrou vendas de 4,4 bilhões de euros no ano passado, pode ter impactos até mesmo no Brasil. A Basf é a dona da marca Suvinil, líder no segmento de tintas imobiliárias no País, com fábricas em São Bernardo do Campo (SP) e Jaboatão dos Guararapes (PE).
O anúncio deve marcar a primeira grande movimentação do novo líder da Basf. Kamieth, que assumiu o cargo há menos de seis meses, em 25 de abril deste ano, chegou ao posto em um momento delicado para a companhia europeia – e para a indústria química alemã como um todo.
Além da vida difícil do cenário macroeconômico nos últimos anos, com juros em alta, a Basf também sofreu nos últimos anos com a crise energética da Alemanha, ocasionada pelos problemas de fornecimento de gás russo com a no Leste Europeu.
Com isso, no começo do ano passado, a previsão de continuidade de preços altos do gás nos próximos anos levou a companhia cortar 2,6 mil empregos numa tacada só e realizar o fechamento de fábricas com uso intensivo de energia.
O movimento não ficou restrito à Basf – e também chegou à sua principal concorrente, a Bayer. À época, o CEO da companhia, Bill Anderson, disse que a companhia estava sendo redesenhada para focar apenas em seu core business.
Apesar de a empresa ter registrado lucro líquido de 225 milhões de euros no ano passado, após um prejuízo de 625 milhões de euros no exercício anterior, a Basf conseguiu fechar seu balanço no azul principalmente graças a uma redução de custos, que deve chegar a 1,1 bilhão de euros economizados até 2026. As vendas, por sua vez, caíram 21,1% em 2023, na comparação com 2022.
Como resultado da movimentação, na manhã desta quarta-feira, 18, as ações da Basf na Bolsa de Frankfurt subiam a 4,31%, cotadas a 46,18 euros. É o melhor desempenho dos papéis desde 4 de abril, quando a cotação atingiu 54,92 euros.