O agro é pop? Para Rubens Inácio, um pecuarista paraense que decidiu empreender no universo da moda ligada ao setor, sim.
O empresário é dono de uma série de empreendimentos que envolvem selarias, imobiliárias e lojas com produtos para diversos tipos de animais.
Uma das suas últimas apostas, a TXC, uma marca de roupas inspirada no agro americano e com lojas distribuídas por todo interior produtivo do Brasil, está ganhando cada vez mais espaço entre produtores e empresários do setor.
Segundo Inácio, a empresa registrou uma receita acima de R$ 100 milhões no ano passado, sendo R$ 30 milhões considerando a operação do negócio de franquia. A TXC faturou, portanto, com suas lojas e vendas de linhas para outras distribuidoras, cerca de R$ 80 milhões, avanço de 61% frente ao ano de 2022.
O CEO da TXC disse ao AgFeed que este ano a meta é chegar a R$ 150 milhões, considerando as duas operações.
Hoje, são 1,6 mil pontos de venda espalhados em todos os estados do Brasil, entre lojas próprias, outlets, distribuição para outras lojas e franquias.
As franquias se concentram em 30% no Mato Grosso, 30% em Goiás, 30% no Norte do País e o restante se divide entre o Paraná e o interior de São Paulo. O desejo de Inácio é aumentar o mercado em estados produtores, como Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.
Em 2019, a empresa passou a trabalhar como franqueadora, algo que deve ser o modelo único nos próximos anos. “Temos cinco lojas próprias, e estamos num momento de achar um comprador para elas. Vamos nos concentrar em ser franqueadores”, afirmou o empresário.
Atualmente a TXC possui 50 franquias, e a meta é chegar a 66 lojas do tipo até o final do ano. Até 2025, a empresa pretende ter 100 franquias, e estar presente em 3 mil pontos de venda.
Avaliando o ano de 2023, Inácio avalia que os itens que mais venderam foram as camisetas e os bonés, com um destaque especial para as camisas de manga curta com bolso. “Somos os maiores vendedores de boné do País. O produto serve tanto como acessório como EPI, pois protege do sol”, contou.
A TXC ainda vende camisas polo, roupas jeans e atua com coleções sazonais. O empreendedor conta que 75% do público da empresa é masculino, com 20% feminino e 5% infantil.
Com o avanço das franquias, ele acredita que o percentual entre as mulheres deve subir para 25% em breve. “Vemos uma tendência western que veio de fora muito forte. O infantil também deve crescer bastante, e atingir uns 15% do público”, projeta.
Pecuarista paraense
Rubens Inácio vive o agro desde sempre, e quando fez 18 anos, foi estudar veterinária em Goiás.
Ele conta que optou por estudar em Goiânia, capital do estado, pois a distância de Redenção, sua cidade, até Belém, capital do Pará, é similar com o caminho até a capital goiana, por volta de mil quilômetros. “A capital do Pará é Goiânia”, brinca o CEO.
Entre algumas idas e vindas, deixou o curso de veterinária e se formou em administração. De volta ao Pará, passou a empreender junto a alguns conhecidos em empresas de produtos derivados de carne, como produção de linguiças. Posteriormente, a paixão por animais o fez entrar também no mercado equestre.
A entrada no ramo da moda foi natural para Rubens Inácio pois serviu para juntar sua paixão e vivência no agro com um gosto pessoal em comprar roupas. “Meus pais sempre pegavam no pé que todo dinheiro que ganhava eu gastava com roupa”.
Em sociedade com um amigo, criou em 2013 o Texas Center, um complexo de empreendimentos voltados para o agro, incluindo vestuário, restaurantes e lojas com produtos para diversos animais. Localizada em Goiânia e chamada pelo próprio executivo de “Disneylândia do Agro”, o negócio está numa área de 2,4 mil metros quadrados.
A ideia de criar uma marca própria surgiu alguns anos depois. “Em 2015, com problemas no dólar e muita oscilação na economia, ficou inviável importar alguns produtos que trabalhávamos. Resolvi criar a TXC pegando referências também do Texas”, contou.
Com uma semana de produtos nas prateleiras no Texas Center, tudo foi vendido, ele conta. “Vi ali que nascia um negócio”. O ponto de virada, segundo ele, foi durante a pandemia de Covid-19.
Com a dificuldade que grandes marcas de vestuário enfrentaram com suas cadeias de suprimentos, ele conta que continuou produzindo e atendendo às demandas de algumas lojas. Quando as restrições de mobilidade cessaram, a empresa estava pronta para vender e distribuir as roupas com uma escala ainda maior.
“Acredito que o nosso grande diferencial é que eu, como um cara do agro, sou meu próprio cliente, a persona do negócio. Essa persona era órfã desse tipo de produto”, diz.
A TXC possui cerca de 80 fornecedores entre as confecções, sendo 50% do Sul do País, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 40% em Goiás e o restante no estado de São Paulo. Na cadeia do algodão, são três fornecedores, sendo um do Mato Grosso, com toda a pluma rastreada.
“Criamos um nicho de moda agro. Esse nicho já foi country e western, mas hoje o agro está disseminado como algo inovador”, conta.
Sua atuação na TXC é dividida, além com as outras empresas, com a produção pecuária. Inácio conta que hoje é dono de 2,4 mil hectares no Pará, sendo 1,8 mil hectares arrendados para a pecuária de recria e engorda e o restante é administrado por ele mesmo.
Toda produção da proteína bovina é vendida para a China, através de uma parceria com um frigorífico local.