A Fazenda Pamplona pode não ser a maior em área cultivada, mas é uma das “preferidas” da SLC Agrícola na hora de mostrar a alta tecnologia que emprega nas suas atividades. Por isso, recebe com frequência a visita de grupos do Brasil e do exterior que vão até o local conhecer de perto os processos de produção.
O AgFeed participou da chamada Cotton Trip, na última semana, quando jornalistas convidados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) visitaram a Fazenda Pamplona, que fica em Cristalina-GO, há menos de 100km de Brasília.
No local são cultivados 25 mil hectares, principalmente de algodão (8,6 mil ha), soja (11,2 mil) e milho (1,8 mil entre produção de semente e safrinha). São três sedes da mesma fazenda que também possuem unidades de beneficiamento e armazenagem com capacidade total de 34 mil toneladas.
Em entrevista ao AgFeed, o gerente da Fazenda Pamplona, Marcelo Peglow, destacou o excelente ano para o algodão, que já está 90% colhido.
“Nesta safra agora, entre as 22 fazendas, devemos ter o recorde histórico de produtividade do algodão na empresa”, afirmou.
Ele conta que a expectativa é fechar essa safra com produtividade média de 170 arrobas da pluma por hectare, acima das 140 arrobas que estavam na meta inicial. O histórico na Pamplona era de 145 arrobas por hectare.
No último guidance divulgado pela SLC Agrícola a produtividade média esperada para o grupo como um todo, no algodão primeira safra de sequeiro (é o caso da Pamplona, que planta em novembro), estava em 2.071kg/ha, ou seja, 138 arrobas.
Como fatores de sucesso o gerente cita a consolidação das áreas, que já estão bem férteis, com eficiência nas coberturas de solo e manejos corretos.
“Também fizemos a escolha correta dos cultivares, das variedades a plantar, um plantio na época correta e o clima também colaborou”, explica.
Ao contrário de Mato Grosso, maior produtor de algodão, que teve irregularidade no começo do verão, no caso da região de Cristalina não faltou chuva e também não teve excesso, segundo ele.
A unidade de beneficiamento da Pamplona tem capacidade de processar 45 fardos por hora. O gerente disse ao AgFeed que a fazenda baterá nessa safra seu recorde de beneficiamento, atingindo mais de 80 mil fardos, sendo que a média ficava entre 65 mil e 70 mil fardos.
Outro destaque do algodão é a rentabilidade, que seria mais duas vezes maior que a soja na atual safra, de acordo com o gerente da fazenda, mesmo com a recente queda nos preços da pluma.
Para a safra 2024/2025, a expectativa é manter as áreas destinadas a cada cultura praticamente inalteradas, afinal não há mais terra disponível no local, a não ser que a SLC adquire terrenos vizinhos. A prática da fazenda é a rotação de culturas, já que uma área que tem algodão num ano, recebe soja no ano seguinte, por exemplo.
Nem a queda no preço da soja preocupa porque a produção na Pamplona é direcionada à venda de sementes a outros produtores, “o que agrega valor”. Também não há grande preocupação em relação ao clima para o próximo ciclo, já que o fenômeno La Niña, que está sendo aguardado, não costuma trazer efeitos significativos para a região de Goiás.
Mais biológicos
No grupo SLC como um todo, segundo Peglow, cerca de 15% dos químicos foram substituídos por biológicos. Já na Fazenda Pamplona, que é a mais antiga da empresa no Cerrado brasileiro (foi adquirida em 1979), o gerente calcula que o índice esteja próximo de 20%
“O biológico tem espaço para aumentar mais e a equipe tem que estar muito bem preparada. Estamos na frente um pouquinho da média da SLC porque a fazenda foi pioneira, a primeira biofábrica foi aqui”, conta.
Peglow diz que a ideia é seguir aumento o uso “todo ano mais um pouquinho”. Porém, admitiu que a produção da biofábrica não deve ser ampliada. O plano é usar mais biológicos adquiridos diretamente das empresas que tem ofertado preços cada vez mais competitivos para determinados itens.
“Eu acredito que 35%, ou até 40% de substituição é bem atingível no decorrer dos anos”, disse o gerente.
Entre os bons resultados obtidos na fazenda com biológicos está o controle da mosca branca, assim como o “complexo de doença de solo, lagartas e sugadores”, ele conta.
Atualmente, metade do que é usado vem da biofábrica própria, mas com o passar do tempo, quando 40% dos químicos já tiverem sido substituídos, ele acredita que que os biológicos da indústria acabem representando até 80% do que é consumido na fazenda.
“Na próxima safra o uso deve aumentar porque vamos pegar mais comercial, mas a produção on-farm deve se manter, não vai diminuir”, afirmou.
A biofábrica da Fazenda Pamplona possui capacidade para produzir 42 mil litros de bactérias e 4 mil litros de fungos. A SLC Agrícola informou no ano passado ter 15 biofábricas com capacidade estática pra produzir 323 mil litros de bioinsumos.