A complexa logística brasileira tem tornado o Rio de Janeiro, um estado que praticamente não possui produção agropecuária, em um player importante para o agronegócio.
Com filas em outros terminais portuários, o Porto do Açu, administrado pela Prumo Logística, tem visto o comércio do agro ganhar espaço em suas instalações, e prepara terreno para criar um terminal de grãos nos próximos anos.
Como revelou ao AgFeed o diretor de terminais e logística do Porto do Açu, João Braz, a companhia deve tomar a decisão de investimento ainda neste ano para construir este terminal, que irá atender o frete rodoviário.
O investimento ficaria em R$ 250 milhões para a infraestrutura do terminal, que utilizaria um berço que faz parte do terminal multicarga.
No futuro, seriam mais R$ 200 milhões para construir um novo berço. Segundo ele, a ideia é fazer com que a quantidade de grãos que passam pelo porto salte do patamar atual de 1 milhão de toneladas de soja e milho anuais para 3,5 milhões de toneladas.
“Devemos tomar a decisão final de investimento para a construção ainda neste ano. Com a decisão tomada, começamos a construção no ano que vem e em 18 meses teremos um terminal operacional para grãos”, afirmou em conversa exclusiva com o AgFeed durante o Prumo Day 2024, realizado nesta segunda (12) em São Paulo.
A capacidade do porto fluminense ainda pode saltar quase sete vezes se o projeto da Ferrovia de Integração do Sudeste, proposto pelo Governo Federal, sair do papel. durante o Prumo Day 2024, realizado nesta segunda (12) em São Paulo. durante o Prumo Day 2024, realizado nesta segunda (12) em São Paulo.
O plano é que até o final do atual mandato presidencial, o plano de concessão seja assinado. “Isso se concretizando, nossa capacidade vai de 3 milhões para 20 milhões de grãos anuais, somando o modal rodoviário ao ferroviário. Nos tornamos uma solução ainda mais eficiente para os grãos”, conta Braz.
Parcerias do Porto para crescer no agro
Quando falamos no agro, um dos grandes operadores do Porto do Açu é a Milhão Ingredients, empresa goiana que transforma milho in natura em mais de 40 produtos finais, e exporta para 60 países.
A empresa, que fatura mais de R$ 700 milhões por ano, se tornou sócia da Amaggi neste ano, quando a empresa da família Maggi comprou 50% da operação.
A empresa construiu armazéns no porto porque trabalha com cargas de milho não transgênico, o que demanda atenção especial. Braz conta que hoje o porto também recebe produtos de um produtor de soja, essa com transgenia.
O diretor afirma que isso mostrou que o Porto poderia ser competitivo no mercado de grãos escoados via rodovias principalmente do noroeste de Minas Gerais e no sul de Goiás.
No mês passado, a Minas Port, companhia originada de uma empresa de intermediação de combustíveis, anunciou o início das operações de uma área de armazenamento no Porto do Açu voltada para grãos, especialmente soja e milho.
Foram R$ 100 milhões investidos na construção de dois galpões com capacidade total para 70 mil toneladas. Além disso, a empresa deve instalar um outro armazém no local, este para fertilizantes.
Para além dos grãos, Braz conta que o Porto do Açu quer atender players do agro como um todo. “O Porto do Açu foi o primeiro no Rio de Janeiro a fazer importação de fertilizantes há três anos atrás”, afirma.
Um caminho, que já foi anunciado, é para uma produção de fertilizantes nitrogenados no próprio porto, numa parceria com a Toyo Setal. As empresas pretendem construir uma planta que produza 1,38 milhão de toneladas de ureia e 781,5 mil toneladas de amônia por ano.
Nos fertilizantes, Braz estima que desde 2021, já foram movimentadas mais de 100 mil toneladas desses produtos pelo porto, que ainda ganhou, neste ano, mais dois armazéns próprios que quadruplicaram a capacidade de armazenamento.
O futuro ainda promete novas empreitadas. Braz revelou, sem citar nomes, que uma empresa iniciará ainda este ano a construção de uma misturadora de fertilizantes.
“Combinamos todos os ângulos do agronegócio pra crescer. Pensamos no projeto como um todo, ligando exportação de grãos em larga escala até a produção local de fertilizantes nitrogenados e a misturadora”, conta Braz.