As exportações brasileiras de carne bovina vêm batendo recorde, mas os resultados das empresas que mais vendem o produto no exterior nem sempre acompanham o mesmo entusiasmo.
A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina in natura e derivados da América Latina, como se autointitula, reportou nesta quarta-feira uma queda de 21% no lucro líquido do segundo trimestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2021. O valor ficou em R$ 95,4 milhões.
No primeiro trimestre a empresa havia registrado prejuízo líquido de R$ 186,2 milhões, resultado também inferior ao lucro de R$ 113,9 milhões registrado um ano antes.
A queda do lucro da Minerva reflete o resultado financeiro líquido negativo no trimestre, de R$ 492,8 milhões, impactado pelo aumento do endividamento bruto na base anual e pela variação cambial no período.
Segundo a companhia, mesmo com a forte valorização do dólar de abril a junho, de 11,5%, a política de hedge (proteção cambial) foi “fundamental na preservação do balanço”, na qual levantou R$ 1,14 bilhão apenas com hedge cambial. A Minerva acrescenta que mantém protegido, no mínimo, 50% de seu endividamento de longo prazo em moeda estrangeira.
Por outro lado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) teve aumento de 4,7% na base anual, para R$ 744,6 milhões. Porém, a margem Ebitda ajustada teve ligeiro recuo de 0,1 ponto percentual, para 9,7%. Por outro lado, o indicador subiu 1,0 p.p. ante o trimestre imediatamente anterior.
A receita líquida da companhia alcançou R$ 7,66 bilhões, montante 5,4% maior que o registrado um ano antes. Impulsionada pelo mercado externo, a receita bruta cresceu 5,2%, para R$ 8,16 bilhões.
Desse total, o exterior gerou faturamento de R$ 5,01 bilhões, total 1,9% abaixo do visto há um ano, com a venda de 218,9 milhões de toneladas de carne, alta de 10,4%. Em contrapartida, o mercado interno viu a receita crescer 18,9%, somando R$ 3,15 bilhões, representando um aumento de 24,1% nas vendas, para 143,8 milhões de toneladas.
No total, a Minerva vendeu 362,7 milhões de toneladas, aumento de 15,5% na comparação com o segundo trimestre do ano passado. De abril a junho, a companhia abateu 1,1 milhão de cabeças de gado, aumento de 7% ante o mesmo período do ano anterior.
Em seu balanço financeiro, a companhia diz que a sazonalidade do mercado no primeiro semestre foi novamente desafiadora para o setor. Contudo, a grande disponibilidade de animais na América do Sul, principalmente no Brasil, contribuiu positivamente para o desempenho operacional e financeiro no trimestre.
A Minerva encerrou junho com market share de 20% nas exportações a partir da América do Sul. A empresa do setor de carnes destaca que os Estados Unidos aumentaram a participação nas receitas, com fatia de 13%, em meio ao cenário de restrição da oferta de gado no país. Já a região das Américas teve participação de 36%, seguida pela Ásia, de 21%.
A companhia encerrou o trimestre com dívida líquida de R$ 9,57 bilhões, avanço de 24,4% no comparativo anual. Com isso, a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) subiu para 2,98 vezes, ante 2,70 vezes há um ano.
Um dos fatores que vem pesando na dívida e nas despesas financeiras da Minerva é a compra de 16 plantas da Marfrig em agosto do ano passado. A transação ainda aguarda aprovação final do Cade e vem demorando mais do que o esperado, com efeitos negativos para a empresa.
No resultado do semestre, os números da Minerva também ainda mostram desempenho negativo. De janeiro a junho, a empresa acumula um prejuízo líquido de R$ 90,7 milhões, revertendo lucro de R$ 234,6 milhões no mesmo período de 2023.
As exportações brasileiras de carne bovina no primeiro semestre tiveram alta de 18% em receita, segundo dados da Abrafrigo.
No mês de julho o Brasil alcançou um novo recorde nas exportações de carne bovina, com o embarque de 267.668 toneladas, segundo dados divulgados nessa quarta-feira pela Abiec. No acumulado de janeiro a julho o volume exportado aumentou 13,7%, mas a receita se manteve estável.