Mato Grosso é apontado como o estado brasileiro mais relevante para o agronegócio, à medida que lidera o ranking nacional de produção em culturas como soja, milho e algodão.

É por isso que eventuais problemas enfrentados pelos produtores mato-grossenses podem ter impactos na economia do País e até mesmo nos resultados de grandes multinacionais.

Foi o que ocorreu com a norte-americana ADM, que processa principalmente grãos e oleaginosas para produzir óleos e outros produtos alimentícios.

Em seu balanço referente ao segundo trimestre de 2024, a companhia apontou uma queda de 56% nos lucros operacionais do segmento chamado de Ag Services and Oilseeds, de pouco mais de US$ 1 bilhão em 2023 para menos de US$ 460 milhões neste ano.

Um dos fatores apontados pela ADM para a piora nos resultados do segmento de Serviços Agrícolas é o cenário adverso em Mato Grosso.

“Na América do Sul, o menor ritmo de vendas causado pela safra menor no Mato Grosso, juntamente com aumento nos custos logísticos, levaram a margens muito inferiores em relação a 2023”, diz a companhia em comentário sobre os resultados.

O segmento de Serviços Agrícolas teve o pior desempenho do segundo trimestre dentro da unidade, com recuo de 68% no resultado operacional, para US$ 122 milhões.

“Após os impactos da mudança no comportamento de venda pelos produtores no segundo semestre, esperamos ter oportunidades para melhorar as margens no restante do ano”, afirma o CEO da ADM, Juan Luciano.

O Brasil também é citado, juntamente com a Argentina, quando a companhia fala da piora nos números da América do Norte no mesmo segmento. “Com maiores estoques, Brasil e Argentina ganharam competitividade nas exportações, limitando as oportunidades para a América do Norte”, afirma a ADM.

Outro segmento importante é o de Produtos Refinados. A ADM voltou a sentir os efeitos do aumento das importações de óleo reciclado nos Estados Unidos. A empresa aponta também menores margens para o biodiesel.

Nesse tipo de negócio, o resultado operacional da ADM caiu 62% no segundo trimestre em relação a 2023, para US$ 137 milhões.

Na atividade de esmagamento de soja e outros grãos, a ADM teve recuo superior a 40% no resultado operacional, para US$ 132 milhões.

O maior uso de óleo refinado também impactou os resultados de esmagamento de soja, segundo a ADM. Além disso, a companhia cita um balanço globalmente mais equilibrado entre oferta e demanda, o que pressiona as margens.

A unidade de agroindústria e sementes foi decisiva para a queda nos lucros totais da ADM, que tem outros segmentos como adoçantes e nutrição animal e humana. Esta última também registrou piora, mas em ritmo menor, de 36% no segundo trimestre.

O lucro antes de impostos da ADM entre abril e junho ficou em US$ 596 milhões, recuo de 47% em relação a 2023. O retorno por ação ficou em US$ 0,98, número que representa queda de 42%.

No semestre, o lucro antes de impostos ficou abaixo de US$ 1,5 bilhão, valor 41% menor que nos seis primeiros meses de 2023. O lucro por ação recuou 37%, para US$ 2,41.

Para todo o ano de 2024, a ADM manteve as projeções que já tinha feito no começo do período. A companhia espera fechar com lucro por ação entre US$ 5,25 e US$ 6,25.