A negociação entre produtores agropecuários e indústrias nem sempre é simples. Pode envolver diversos intermediários que cobram altas comissões, e sempre podem ocorrer problemas no meio do caminho.
A plataforma Nui Markets, da Nova Zelândia, já atua em diversas regiões do planeta, inclusive Europa e Estados Unidos, para encurtar o caminho entre as duas partes. Oferece um modelo parecido com o de marketplace, mas segundo o representante da companhia no Brasil, vai além da simples compra e venda.
No País, a empresa está presente no mercado de lácteos, principalmente com leite em pó. Agora, está iniciando suas atividades no mercado de etanol e biodiesel.
Otávio Farias, diretor de Vendas para o Mercosul da Nui Markets, conta que tem cadastrados na Nui Markets grandes compradores de combustíveis no Brasil, principalmente distribuidoras. “Temos as empresas líderes já dentro da plataforma e estamos em fase final de testes com elas”, conta.
Ele não revela exatamente quais são essas empresas. Mas a liderança do mercado de distribuição de combustíveis é exercida por companhias como Raízen, que opera os postos Shell, rede de postos Ipiranga, que pertence ao Grupo Ultra, e os postos BR, da Vibra.
No total, são 16 empresas compradoras já cadastradas na Nui Markets, que respondem por 80% do mercado, segundo Farias. “Temos também 22 usinas de etanol e 16 de biodiesel. Neste último caso, esses fornecedores respondem por 63% de todo o volume produzido no Brasil atualmente”, conta o executivo.
A meta é movimentar 3 milhões de metros cúbicos de etanol em cinco anos após o início efetivo das operações, que depende das aprovações internas das grandes empresas compradoras.
No caso do biodiesel, a estimativa da Nui Markets é que os três maiores compradores movimentem, via plataforma, 300 mil metros cúbicos por ano cada. Ou seja, a plataforma giraria cerca de 900 mil metros cúbicos anuais depois de cinco anos de operação.
“Com isso, estimamos um volume de negócios via plataforma de R$ 4,5 bilhões nos dois mercados de biocombustíveis”, conta Farias.
Ele revela que, por conta da estrutura mais enxuta, a Nui Markets consegue cobrar comissões mais baratas, o que, segundo Farias, se tornou um grande diferencial nas operações globais da companhia.
Com 25 anos de experiência atuando no mercado de comercialização, o diretor da Nui Markets no Mercosul sabe como funciona a dinâmica de comissões, o que facilita as negociações com as empresas e usinas.
“Aqui no Brasil, a prática é cobrar uma comissão que fica entre 0,2% e 0,3%. Nós conseguimos cobrar metade disso”, afirma.
Outra fonte de receita para a Nui Markets é a cobrança de uma assinatura mensal. “Mas não cobramos de todos. Se a empresa negocia um volume alto dentro da plataforma, fica isenta da assinatura”.
Leite em pó para a Hershey’s
A Nui Markets atua no Brasil há um ano, principalmente leite em pó. “Mas temos também soro de leite, por exemplo, principalmente para fabricantes de whey protein”.
Farias conta que tem feito operações frequentes de compra de leite em pó brasileiro para a fabricante norte-americana de chocolates Hershey 's. “Eles dão a ordem lá dos Estados Unidos e os conectamos com os vendedores daqui”.
Nessa unidade de negócios, a Nui Markets movimentou mil toneladas de lácteos nesse primeiro ano de operação.
“O objetivo é atingir 30 mil toneladas de produtos negociados dentro da plataforma em dois anos, com um volume financeiro próximo de R$ 600 milhões”, afirma o executivo. Ele explica que esse valor pode variar de acordo com os preços de cada produto negociado, mas que a estimativa é conservadora.
O grande objetivo global da Nui Markets, segundo Farias, é ser uma plataforma de gestão de risco para todo o mercado.
“Ter toda essa movimentação permite que as empresas entrem na plataforma só para acompanhar os preços que estão sendo negociados, mesmo fechando fora do nosso ambiente. Não queremos ser só um marketplace”, diz.