O mercado de negociação de grãos ainda passa por um momento complicado, por conta dos preços internacionais da soja e do milho. Mas a jovem trading Gnova Grains, fundada em 2022, vive uma realidade diferente.
Depois de ter faturado R$ 315 milhões em 2023, a caçula das comercializadoras de grãos precisou só dos seis primeiros meses de 2024 para bater essa marca, com R$ 500 milhões em receitas, e projeta fechar o ano com R$ 720 milhões.
“O nosso plano é atingir R$ 1 bilhão em faturamento em 2025 ou, no máximo, em 2026”, conta Ronan Giuliangeli, CEO e fundador da Cnova Grains, em entrevista ao AgFeed.
A empresa vem pavimentando vários caminhos para chegar nesse objetivo. Desde a adoção de práticas de governança corporativa dignas de empresas de capital aberto, como a auditoria do seu primeiro balanço anual pela KPMG e a formação de um conselho de administração, até a abertura de novos mercados e investimentos em armazéns.
Com sede em Londrina, a Gnova começou suas operações atendendo aos produtores do Paraná, mas rapidamente avançou para São Paulo e Mato Grosso.
“Em 2024, conseguimos abrir os mercados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Pará. Em 2025, estamos trabalhando para ter negócios no Maranhão e no Tocantins, que já são estados importantes dentro da nossa estrutura de negócios”, conta Giuliangeli.
Com esse avanço, a projeção é de negociar pelo menos 500 mil toneladas de soja e milho em 2024. Mas para o próximo ano, além da ampliação geográfica, o CEO da Gnova já planeja entrar em outras culturas.
“Vamos começar a negociar arroz e gergelim, que vem ganhando muita força no Mato Grosso como uma alternativa ao milho, e tem uma demanda forte, principalmente da Europa”.
Também em 2024, a Gnova iniciou os investimentos em estruturas próprias de armazenagem. A unidade com capacidade estática de 12 mil toneladas fica no município de Vila Rica, no Mato Grosso, às margens da BR-158.
“Nós arrendamos esse espaço, que pertence à minha família. Investimos cerca de R$ 20 milhões nessa estrutura”, revela Giuliangeli.
Até o ano passado, a Gnova atuava somente com clientes que tivessem suas próprias estruturas de armazenagem. “A partir desse arrendamento, conseguimos acessar outro perfil de cliente, que não possui armazém”, diz o CEO.
Os aportes em armazenagem devem continuar, segundo o empresário. “Estamos estudando mais alguns pontos dentro do Mato Grosso e nos portos do Arco Norte, mantendo esse modelo de arrendamento”.
Mesmo com esse nível de investimentos, normal para uma empresa que está iniciando suas operações, a Gnova já consegue dar lucro. “Devemos fechar o ano com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de aproximadamente R$ 10 milhões”, diz o CEO.
Um dos segredos, segundo Giuliangeli, está na estrutura bastante enxuta da empresa. “Hoje, temos 15 pessoas tocando todo o negócio. Nós terceirizamos muitos serviços, como jurídico, tecnologia, marketing. Isso nos permite ter uma estrutura menor e mais flexível”.
No início de 2024, a Gnova fez um planejamento para os próximos três anos, com projeção de crescimento médio anual de 20%.
Para suportar essa nova realidade, Giuliangeli promoveu o aumento do escritório da companhia em Goiânia, além de incorporar mais um trader para a sua equipe na sede em Londrina.
Com essa estratégia de manter uma equipe enxuta e com os números dos primeiros anos de operação, é natural que a Gnova Grains atraia o interesse de investidores para entrar na sociedade, que hoje conta com o CEO e com Fernando Oliveira. Os dois se conheceram trabalhando na AgroGalaxy.
“Ainda é cedo para conversar sobre novos sócios. Estamos em uma fase de amadurecimento, e queremos criar raízes nos mercados onde atuamos”, afirma Giuliangeli.