Um dos grandes desafios para toda a cadeia do agronegócio brasileiro é lidar com os custos logísticos. Estudos feitos pela Fundação Dom Cabral, por exemplo, dizem que a logística consome 20% das receitas apuradas pelo agro no país.

A Minas Port, que foi originada de uma empresa de intermediação de combustíveis, aposta na eficiência de suas operações exatamente para diminuir esses custos e ganhar mercado especialmente no agronegócio.

A empresa anunciou, no início do mês de julho, o início das operações de uma área de armazenamento no Porto de Açu, no Rio de Janeiro, voltada para grãos, especialmente soja e milho.

Foram R$ 100 milhões investidos na construção de dois galpões com capacidade total para 70 mil toneladas.

“Esse galpão já está em operação, estamos atendendo uma trading com o primeiro navio saindo hoje (sexta-feira, 12 de julho), e já estamos com nossa capacidade total vendida até fevereiro. Já temos demanda para fechar contratos de 10 e de até 15 anos, mas não vamos ocupar toda a área. Queremos reservar espaço para novos clientes”, conta Marcelo Marra, CEO da Minas Port.

Enquanto já colhe os frutos desse grande investimento voltado para o agronegócio, a Minas Port já está com o projeto de uma nova área de armazenagem ainda maior, voltada para fertilizantes.

Neste novo armazém, o investimento previsto é de R$ 200 milhões, e a expectativa é de que seja inaugurado em 2025, segundo Marra. “Essa área terá capacidade para 850 mil toneladas de fertilizantes e nós teremos um misturador para os ingredientes ativos. Isso vai resultar em uma economia de milhões para os produtores e para as revendas”, antecipa o CEO da Minas Port ao AgFeed.

Outro aporte que já está em andamento pela Minas Port envolve o aumento de capacidade diária de carregamento dos navios, pelo equipamento conhecido como shiploader.

“Hoje, o nosso shiploader tem uma capacidade de carregar até 12 mil toneladas por dia. Estamos investindo em um novo equipamento, que vai começar a operar entre o final de 2026 e o começo de 2027, que pode carregar entre 35 mil e 40 mil toneladas diárias”, afirma Marra.

Com todo este movimento, o CEO projeta que o agronegócio dobre sua participação no faturamento da Minas Port em 2024, saindo dos 10% do ano passado para 20%. “A tendência é que essa fatia aumente bastante nos próximos anos”, afirma. Hoje, 80% das receitas da empresa vêm da operação com combustíveis.

O executivo afirma que os investimentos vão potencializar os outros diferenciais que a Minas Port oferece em relação a outras operadoras logísticas e outros terminais portuários.

“Nós cuidamos de todas as pontas do transporte, da fazenda até o porto. Na fazenda, o agendamento da retirada dos grãos é feito por aplicativo, evitando problemas para o produtor e para o motorista”.

Marcelo Marra, CEO da Minas Port

No porto, Marra conta que os caminhões chegam já com uma carga designada para a volta. “Todo o processo, entre descarregar e carregar os produtos da volta, é de uma hora e meia. Para se ter uma ideia, esse processo, no Porto de Santos, pode levar até 24 horas, e geralmente o motorista precisa buscar alguma carga para a volta”.

Com essa maior agilidade, o executivo afirma que a economia de toda a cadeia agrícola atendida pela Minas Port com logística chega a 20%. “É um fator pouco discutido no setor, e que demanda muito dinheiro, elevando até a inflação”, afirma.

Antes mesmo desse maior foco no agro, a Minas Port já vinha experimentando um crescimento médio anual de 40% em seu faturamento desde 2020, segundo Marra.

No ano passado, a companhia registrou receitas de R$ 1,3 bilhão, e para este ano, a expectativa é chegar a R$ 1,7 bilhão, o que representaria um avanço de 30% nas receitas.