Com exigências mais robustas para aumentar governança e produtividade, o agro tem investido cada vez mais em tecnologia.
Ao mesmo tempo em que proliferam as agtechs que oferecem serviços específicos como rastreabilidade, análise de solo e agricultura de precisão, também cresce a demanda no setor por serviços prestados por empresas de tecnologia da informação (TI).

Essa percepção fez com que a Ninecon, empresa brasileira do setor criada há 20 anos, criasse uma diretoria de agronegócio. O escolhido para coordenar a vertical é Lucas Ferreira. Economista, acumula mais de 16 anos de experiência no setor, com grande parte da carreira atuando no Grupo Algar, um dos mais antigos de TI do Brasil.

Por lá, ele liderou e executou projetos nos segmentos agro, serviços, TI e Telecom. Está na Ninecon desde 2021.

A criação de uma diretoria focada no agro passa por um avanço do setor dentro da operação da companhia. A companhia faturou R$ 143 milhões em 2023, mostrando um avanço de 20% frente ao resultado de 2022. Sem informar a divisão da receita por área, Ferreira contou ao AgFeed que o atendimento de clientes do agro cresceu 25% no último ano.

“Olhando para essa revolução tecnológica no agro, vimos que fazia sentido para a empresa compilar a experiência de anos atendendo o setor para fornecer propostas mais assertivas no segmento. Isso impulsionou a criação da diretoria”, afirmou Ferreira.

Apesar desse movimento recente, a atuação no agro se dá desde os primórdios da empresa. Dentre os clientes do agro está a Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do País e que faturou R$ 6,4 bilhões ano passado.

A Ninecon é especializada no chamado ERP (Enterprise Resource Planning, em inglês), que nada mais é do que um sistema de gestão integrado que permite acesso fácil aos dados de uma empresa. Todo ERP da Cooxupé usa um software da Oracle, instalado e projetado pela Ninecon.

A empresa nasceu como uma parceira da Oracle e ajuda empresas a criar toda camada de gerenciamento e planejamento financeiro. No agro, o ERP é o carro-chefe, afirma o diretor.

“No portfólio do segmento também bolamos soluções fiscais, de compliance e, mais recentemente, passamos a colocar analytics e big data. Existem alguns clientes que possuem bancos de dados e já utilizamos IA”, conta.

Segundo Ferreira, o agro tem algumas dinâmicas muito particulares. Em uma cooperativa, por exemplo, um software tem que abarcar desde a produção agrícola até o varejo, transporte, exportação e relação com as tradings.

Além disso, existe toda a relação entre a própria gestão da cooperativa e o cooperado. “Falamos de cooperativas com milhares de produtores, numa dinâmica única”.

Além das cooperativas, ele cita que a Ninecon atua também na agroindústria. A empresa atende, por exemplo, a Copasul (Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense), que demandou a empresa para um sistema de ERP que contasse, além da parte de backoffice, com planejamento financeiro, um sistema de previsão e de compliance fiscal.

Outra cooperativa atendida é a paranaense Frísia. “São nossos clientes desde 2016. Fizemos a implementação de todo backoffice, toda parte administrativo-financeira, de suprimentos e logística. Toda parte de composição de preços é calculada e composta nas nossas soluções”, explica.

Na agroindústria, ele também cita alguns projetos de menor escala com a BRF e com a Algar Agro, que teve seus ativos vendidos em 2018 para a ADM.

Com a diretoria formalizada, o desafio é ampliar a atuação nos mercados em que a Ninecon já atua. “Hoje já somos reconhecidos como implementadores nas cooperativas e o desafio é, além de trazer novas soluções, expandir dentro desse segmento”, afirma.

A empresa quer se posicionar como um consolidador de toda tecnologia de uma cooperativa ou agroindústria. Se uma organização possui, por exemplo, uma parceria com uma startup de agricultura de precisão, a ideia da Ninecon é integrar o serviço no mesmo ecossistema da empresa.

Fora do agro, a empresa já atendeu a Azul Linhas Aéreas, CVC, Essilor, Fundação Getúlio Vargas, Grupo Algar, Odontoprev e Yamaha do Brasil.