A fermentação está tão presente em nosso cotidiano, que geralmente não pensamos em toda a tecnologia e todo o processo que está por trás desse fenômeno natural que o ser humano aprendeu a dominar.

A Lallemand, empresa franco-canadense que já tem mais de 100 anos de atuação em produtos biológicos para fermentação, está de olho no Brasil, especialmente nas usinas de etanol de cana-de-açúcar e de milho, por meio da Lallemand Biofuels & Distilled Spirits (LBDS).

O grupo começou produzindo leveduras para pães, e hoje, com mais de 5 mil funcionários e atuação em cerca de 50 países, oferece microrganismos para produção também de vinhos, cervejas, e do combustível mais falado em tempos de preocupações crescentes com as mudanças climáticas.

“Nós começamos nesse segmento em 2012, trabalhando bactérias para etanol de segunda geração. Fomos os primeiros a produzir leveduras celulósicas. Mas depois acabamos partindo para o etanol de cana e de milho”, conta Fernanda Firmino, gestora de negócios da LBDS no Brasil.

A executiva, que é PhD em Ciência dos Alimentos e Microbiologia pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, ressalta que as leveduras produzidas pela LBDS são de alta performance.

“Elas expressam enzimas, que são um dos insumos que mais pesam nos custos para a indústria de etanol. Então, a nossa levedura já elimina a necessidade de aquisição dessas enzimas”.

No Brasil, a LBDS começou a atuar em 2016 com etanol de cana-de-açúcar, depois de ter implementado a tecnologia para etanol de milho nos Estados Unidos, alguns anos antes.

Segundo Justin van Rooyen, vice-presidente Senior de Desenvolvimento de Negócios da LBDS e gerente das operações no Brasil, o País é considerado o centro para a expansão dos negócios ligados ao etanol da companhia.

“Nós vamos aumentar a diversificação dos nossos produtos, estamos trabalhando em várias novidades, com investimentos pesados. A LBDS é a única empresa que trabalha com produtos biológicos de alta performance para esse mercado”, diz van Rooyen.

Sobre o aumento da produtividade, Fernanda Firmino aponta que a atuação dos produtos da LBDS em uma usina de etanol de cana pode elevar em até 6% o volume de etanol produzido.

“Os microrganismos conseguem transformar em etanol alguns substratos da cana e do milho que hoje são resíduos, sem finalidade”, conta a executiva.

Em termos financeiros, a LBDS estima que o produto tem o potencial de gerar US$ 500 milhões adicionais por ano em receitas para as usinas brasileiras.

Só em milho, a empresa estima um potencial de aumento na lucratividade em R$ 39 milhões por ano com o uso da biotecnologia, considerando uma moagem de 2 mil toneladas por dia.

No Brasil, a LBDS concentra sua produção voltada ao etanol em sua unidade localizada em Piracicaba, no interior de São Paulo. As leveduras são usadas também em bebidas destiladas.

A Lallemand atua também na produção de defensivos agrícolas biológicos no Brasil, depois de adquirir o Laboratório Farroupilha, em 2016.