A tecnologia sempre permitiu aproximar grandes distâncias. Desde a popularização da internet, que no Brasil aconteceu na passagem do século XX para o XXI, pessoas de vários pontos do país e do mundo conseguem se comunicar com muita facilidade.
Isso evoluiu para um ponto em que, por exemplo, dezenas empresas de 16 estados diferentes conseguem ser reunidas em uma única comunidade. É assim que funciona o Snash Hub.
O hub é ligado à Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), com espaço localizado na sede da entidade, no Rio de Janeiro, e os benefícios para as startups vão além do histórico prédio.
“Hoje temos 120 startups ativas. Todas são empresas do agronegócio ou que pelo menos tenham alguma ligação com o setor, com tecnologias que possam ser utilizadas por produtores e empresas”, conta Leonardo Alvarenga, CEO do Snash Hub.
Para acessar o hub, as empresas iniciantes passam por um processo seletivo. Alvarenga afirma que o principal objetivo desta seleção é manter uma abrangência temática e geográfica.
“Nós temos uma startup do Amazonas, por exemplo. Em alguns casos, pode estar ainda na fase de ideia. Se observarmos que é uma boa ideia, e a pessoa tem o perfil, aceitamos”, conta Alvarenga.
Com essa opção por ser geograficamente abrangente, o CEO do Snash sabe dos desafios que vai enfrentar para ajudar no processo de crescimento da startup.
“O primeiro trabalho é ajudar no processo de nacionalização, porque muitas acabam ficando restritas às suas regiões. Nós tentamos abrir o mercado, principalmente com a rede de contatos que a SNA oferece por sua relevância no setor”.
A segunda etapa, que também demanda um trabalho de mudança de mentalidade dos empreendedores, é olhar para os mercados internacionais.
“Nós temos uma parceria com a Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), que tem um hub em Portugal. Eles conseguem subsídios para startups brasileiras que se instalam na Europa”, conta Alvarenga.
Esse trabalho está sendo aplicado, por exemplo, na startup umgrauemeio, que desenvolveu um sistema de Inteligência Artificial para identificação de incêndios florestais e tem grandes empresas do agronegócio como seus principais clientes.
Em entrevista ao AgFeed em abril, para falar de um aporte de quase R$ 19 milhões que sua startup recebeu, o CEO Rogério Cavalcante ressaltou o grande potencial de crescimento no mercado brasileiro, mas também o plano de internacionalizar sua empresa até 2025.
O braço financeiro do Snash, a Investnova, também participou deste aporte. Segundo Alvarenga, no total, são oito startups que receberam investimentos da empresa financeira ligada ao hub.
“A Investnova já investiu cerca de R$ 1,5 milhão. Nós temos parceria com a Rural Ventures e a Agroven para levar ao mercado as teses que temos no Snash”, diz o CEO.
A caminho de São Paulo
Apesar de ser um hub essencialmente virtual, o Snash conta com 60 pontos de trabalho e uma arena para 80 pessoas em sua sede no Rio de Janeiro. Mas, com a procura crescente pelas startups, haverá também uma expansão física.
“Nós estamos na fase final de procura e fechamento de um local em São Paulo para instalar um espaço do Snash. Acredito que até o final do ano conseguimos ter tudo acertado”, conta Alvarenga.
Ele afirma que a expansão é importante também no processo de busca de startups para o hub. “Os resultados são muito melhores em empresas que são procuradas do que naquelas que nos procuram. E São Paulo é um pólo importantíssimo de tecnologia para o agronegócio”.
O Snash não cobra qualquer taxa das startups e os recursos para continuar funcionando vêm de patrocinadores. “Nós temos a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e estamos conversando com quatro empresas”, revela Alvarenga.
O hub prepara seu primeiro programa de inovação aberta, que será mais uma oportunidade para fazer uma ponte entre startups e grandes empresas.
Sobre a estrutura da SNA, Alvarenga aponta que o empreendedor pode fazer cursos na universidade digital da entidade, ou pode até colocar um curso dentro da grade oferecida pela instituição de ensino superior. “As startups também contam com mentorias e consultorias de membros do SNA”, completa.