Com as cotações do boi gordo em queda, a cadeia da pecuária sofre uma espécie de efeito dominó. Os pecuaristas, menos capitalizados, investem menos e seus fornecedores precisam revisar seus preços para manter a clientela.
Na indústria de nutrição animal, o impacto foi sentido. Mesmo entre as fabricantes de suplementos utilizados pelos fabricantes de rações estabeleceu-se uma disputa que resultou em uma disputa acirrada.
“O cenário piorou nos últimos seis meses e de forma mais acentuada nos últimos três”, conta Natália Vicentini, diretora de Marketing da Kemin América do Sul. A multinacional norte-americana, com 62 anos, é uma tradicional competidora do mercado brasileiro, onde está há duas décadas.
Nos últimos cinco anos, a Kemin dobrou de tamanho no País. E, a despeito do cenário recente menos favorável, mantém o apetite. “Queremos voltar a dobrar as nossas operações nos próximos cinco anos”, afirma Rubens Castro, presidente da Kemin na América do Sul.
Segundo Castro, cerca de 85% da produção local é voltada para a indústria de nutrição animal. A participação de mercado “ainda é tímida perto do que pretendemos”, diz. Ele afirma que o market share fica entre 7% e 8%, dependendo de cada produto e de cada componente.
Nos últimos meses, a empresa tem buscado adotar estratégias para minimizar os impactos dessa “guerra” de preços. Castro destaca principalmente a opção por colocar técnicos na equipe de vendas.
“Nós atuamos com indústrias e colocar técnicos para vender nossos produtos dá um caráter menos transacional, que possibilita descrever melhor quais são nossos diferenciais, especialmente em qualidade e em retorno para o produtor”, diz o executivo.
Natália Vicentini explica que uma das diretrizes colocadas pela própria Kemin é apenas colocar um produto no mercado depois de vários testes que comprovem bom nível de retorno para a indústria e para o consumidor final.
“Nós só colocamos no mercado produtos que tenham retorno de 2 para 1. Ou seja, se você vai ter um custo determinado no produto, sua rentabilidade com ele será o dobro do valor investido, seja na engorda do animal, seja na necessidade de aplicar menor volume de um ingrediente para ter resultados semelhantes ao que tinha com outro produto”, diz a executiva.
A América do Sul que já tem uma participação relevante dentro dos negócios globais da Kemin. Segundo Castro, a região responde por 16% dos resultados globais da empresa, de mais de US$ 500 milhões, com o Brasil contribuindo com cerca de 80% do faturamento sul-americano – a empresa não divulga valores. A Kemin está também na Argentina, Colômbia, Chile e Peru.
Uma das oportunidades que a Kemin tem aproveitado no Brasil é a tendência de diminuição de uso de antibióticos em animais de criação. “Nós temos soluções que ajudam nesse sentido”, afirma Castro.
“Nós temos um direcionamento de conseguir oferecer itens que levem a uma produtividade maior com a mesma tonelada de ração. Isso tem uma origem mais forte na Europa, mas está sendo adotado em todas as operações da empresa”, conta Castro.
Outra questão muito relevante dentro da operação da Kemin é a inovação. A companhia tem inclusive meta de resultados para os novos componentes que entram no portfólio.
“Temos uma meta de fazer qualquer novo produto lançado representar pelo menos 25% do faturamento em um prazo de três anos. Desenvolvemos produtos aqui no Brasil, mas nesse caso, tudo tem que ser aprovado pela diretoria global. Eventualmente, acabamos exportando um produto desenvolvido aqui para outros países onde a Kemin atua”, diz o executivo.
A Kemin atua em cerca de 90 países e tem 15 plantas espalhadas em várias regiões do planeta. São mais de 500 ingredientes desenvolvidos. No caso da atuação global, a companhia atende também o mercado de nutrição humana, de plantas, peixes e animais de estimação.