Falta cerca de um mês e meio para o principal evento do agronegócio brasileiro. Sediada em Ribeirão Preto, a Agrishow atraiu em 2023 mais de 800 marcas expositoras e mais de 195 mil visitantes e deve repetir a dose neste ano.

Mas fora dos limites da fazenda que sedia a feira, uma série de eventos paralelos tem prosperado, oferecendo oportunidades para públicos específicos em meio ao fervor da capital paulista do agronegócio. Um deles, o Rural Summit, terá sua segunda edição em 2024, em versão ampliada depois do sucesso do ano passado.

Organizado pela Rural Ventures, em parceria com The Yield Lab e Arara Seed, o evento, que reúne startups do do agro, hubs e investidores, será realizado no Dabi Business Park, hub de inovação local, no dia 2 de maio, coincidindo com o penúltimo dia de Agrishow.

Segundo Fernando Rodrigues, sócio da Rural Ventures, a ideia é fazer a conexão entre investidores e startups do agro para fomentar parcerias e quem sabe até ajudar a rodadas de captação entre esses players no futuro. O AgFeed é parceiro do evento.

Na edição de 2023, a primeira do Rural Summit, participaram 150 pessoas, incluindo 26 agtechs, 12 hubs de inovação e 12 empresas de Venture Capital. A ideia é dobrar de tamanho em 2024, e contar com 300 pessoas, cerca de 50 startups e mais de vinte investidores.

O evento é dividido em dois momentos. Pela manhã, acontecerá o “agrimatching”, onde as startups se dividirão, por segmentos de atuação, com os investidores interessados em conhecer mais do negócio e dos executivos.

“Fechamos uma parceria com o Cubo, do Itaú, que será o responsável por esse momento”, disse Rodrigues. A ideia é dividir o local em três salas: pré-seed, seed e Series A, referências aos estágios de recebimento de investimento por parte das startups.

A ideia é que cada agtech apresente seus produtos e soluções para os investidores. Esses investidores podem ser tanto empresas de Venture Capital quanto anjos e corporações que possuem um braço de investimento em startups.

Durante a tarde, o Rural Summit contará com debates e plenárias para tratar do universo dos investimentos no agro, bem como o cenário para o Venture Capital no País.

“Vamos discutir como a indústria de Fiagros pode investir em startups. Nossa ideia é abrasileirar o mercado de capital de risco e relacioná-lo ao mercado financeiro. O mercado nacional é diferente do estrangeiro, vamos buscar convergir para um modelo novo”, adiantou Rodrigues, que ainda está fechando a programação dos debates.

“Queremos discutir como todo esse ecossistema se relaciona com o mercado de renda fixa e de ações. No fim do dia, o bolso é o mesmo, já que o investidor tira o capital do mesmo lugar”, disse Fernando Rodrigues.

“Nesta linha, nossa ideia é mostrar que a forma como a brasileiro se conecta com oportunidades do mercado está cada vez mais fácil”, diz. Para tangibilizar essa evolução, o evento contará com um painel da Nomos, grupo do mercado financeiro que conta com um dos principais escritórios de assessoria da XP  e que está prestes a se tornar uma corretora além da Astoria, braço  voltado exclusivamente para prestar todo suporte para fusões e aquisições.

Dentre os debates, outro tema presente será a Inteligência Artificial, envolvendo startups que estão moldando seus modelos nessa área. “Estamos em tratativas com big techs como Google e Microsoft para levar especialistas para lá”, afirmou.

O evento também é visto por Rodrigues como uma oportunidade de complementar o que é falado e mostrado no evento que movimenta Ribeirão. Na Agrishow, a tecnologia no agro é tratada sob uma perspectiva mais de maquinário e produtividade, de acordo com o sócio da Rural Ventures.

“Pegamos uma brecha no mercado, pois vamos levar um agro tecnológico mais ligado a softwares e gestão de risco da fazenda. Vejo isso como uma complementaridade boa para Ribeirão Preto, ampliando o escopo de tecnologias no agro”, afirmou.

A ideia do evento surgiu após Rodrigues visitar o World Agritech Innovation, em São Francisco, nos EUA, em março de 2023. “Voltando de lá, chegamos na época de preparativos para a Agrishow e, olhando a programação, não tinha um evento nacional que falasse sobre startups do agro e tecnologia. Montamos um evento e agora retornamos num tamanho maior”, afirmou.

A ideia é aproveitar que os investidores, empresários e interessados no universo das agtechs já estarão na cidade, o que deixa a data mais favorável a quem queira participar.

O evento do ano passado, mesmo sendo menor do que o projetado para 2024, rendeu frutos para quem participou.

Rodrigues conta que foi durante a primeira edição do Rural Summit que a Rural Ventures iniciou seu relacionamento com a BemAgro, startup de agricultura digital.

Meses depois, a empresa participou de uma rodada de investimento de R$ 10,2 milhões junto com a CNHi, que liderou a rodada, e a Agroven.

A startup, que é natural de Ribeirão Preto, iniciou sua atuação junto a produtores de cana-de-açúcar na região, utilizando tecnologias de análise de imagens captadas por drones e satélites para produzir mapas e relatórios com informações para monitoramento e gestão das lavouras.

“No fim do dia, a Rural Ventures foi a grande orquestradora dentre os investidores que participaram da rodada da BemAgro. O Johann Coelho, CEO fundador, apresentou o modelo de negócio da empresa durante o nosso evento”, afirmou Fernando Rodrigues.