O município gaúcho de Horizontina, localizado a quase 500 quilômetros de Porto Alegre, no noroeste do estado, está no mapa histórico do agronegócio brasileiro. Ali foi montada a primeira colheitadeira automotriz brasileira, na década de 1960, pela família Logemann, que depois construiria a SLC, uma das maiores empresas agrícolas do Brasil.

Também na cidade, a gigante multinacional John Deere – que comprou dos Logemann a indústria de máquinas – tem uma de suas maiores fábricas no País.

Horizontina não poderia, assim, ser ponto de partida melhor para uma empresa de olho no setor, como a corretora JDT Seguros. Fundada pela CEO, Juliana Tiede, em 2008, a corretora começou atuando com seguros para máquinas, até pela proximidade da executiva com a John Deere.

“Nós começamos a mudar a estratégia entre 2020 e 2021, quando resolvemos olhar para toda a cadeia do agronegócio, e até para outros setores dentro do mercado de seguros”, conta Tiede.

A corretora lista oito seguradoras parceiras em sua página na internet. Estão na lista gigantes do setor, como Allianz, que foi a primeira parceria fechada pela JDT, Bradesco Seguros, Liberty e Tokio Marine.

“Nós participamos do desenvolvimento do seguro para máquinas que é operado pela Liberty. Fizemos o mesmo trabalho para a AXA”, conta a CEO. A JDT tem parceria também com a Associação Brasileira de Distribuidores John Deere e com a montadora Stara.

Mesmo com o trabalho para diversificar as receitas – inclusive dentro do próprio agro, com seguro agrícola, por exemplo –, as máquinas ainda são responsáveis pela maior parte do faturamento da JDT.

“O agro responde por 80% das nossas receitas, nesse momento. E dentro dos prêmios com seguros de máquinas, 80% correspondem a renovações. Temos conseguido manter um bom índice de renovação”, conta Tiede.

Por isso, a empresa conseguiu “ir na contramão” do setor de seguros para o agro e cresceu 20% em 2023, mesmo em um cenário de queda nas vendas de máquinas.

No Rio Grande do Sul, que responde por 60% da produção nacional de máquinas agrícolas, as vendas tiveram queda de 15% no ano passado, segundo dados do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers).

Para este ano, Tiede cita projeções de novas quedas nas vendas de máquinas, entre 10% e 15%. “Aí entre o nosso trabalho de diversificação. Trabalhando outros produtos para o agro e fora do setor, estamos projetando um crescimento de até 15% no faturamento da JDT”.

Além de diversificar as fontes de receitas, inclusive com um braço de benefícios para empresas, a CEO da JDT tem adotado um olhar mais estratégico na distribuição dos seguros que oferece.

Para ganhar mais visibilidade, a corretora investiu em uma cota de patrocínio do Rally da Safra, da consultoria Agroconsult, uma das principais expedições para verificação da situação das lavouras pelo País.

“O produtor rural gosta de saber com quem faz negócio. E o Rally nos dá a oportunidade de estar mais próximos deles”.

Tiede acredita que 2024 será um ano de ajustes de despesas por parte dos agricultores e a JDT tem como desafio entender melhor as necessidades desse momento e achar as soluções.

“O que estamos esperando é que o produtor deixe de fazer algumas renovações, especialmente de implementos, que têm riscos menores”, diz Tiede.

Ainda em distribuição, a CEO conta que a JDT está em negociações com uma grande cooperativa, para que os seguros cheguem até os cooperados. “É uma alternativa interessante, e estamos conversando”. Há tratativas também com um banco digital, nesse caso, para oferecer benefícios corporativos.

“Estamos sempre olhando para possíveis aquisições e até mesmo uma sociedade está no radar. Montamos um time mais experiente, contratando profissionais que estavam em grandes seguradoras”, diz Tiede.

A JDT hoje tem parceria com 500 concessionárias de equipamentos e implementos agrícolas, com uma carteira de mais de 20 mil clientes e acumulando indenizações de 15 mil sinistros desde o início de suas operações.