É consenso que o Brasil é uma potência agropecuária global. Por isso, praticamente todas as gigantes multinacionais do setor atuam no país, que tem participação relevante nos resultados da maioria delas.
Quando o cenário é positivo, o Brasil pode impulsionar os números de qualquer corporação. Mas nos momentos complicados, o impacto negativo nos balanços também é relevante. Esse segundo cenário aparece nos resultados da FMC, multinacional fabricante de insumos agrícolas.
No quarto trimestre de 2023, período em que o Brasil passou por ondas de calor e chuvas abaixo da média histórica em estados como Mato Grosso e Goiás, a FMC registrou queda de quase 30% nas receitas, para US$ 1,15 bilhão.
O trimestre final teve efeito no resultado do ano. Em 2023, houve recuo de 23% no faturamento da companhia, para quase US$ 4,5 bilhões.
“No quarto trimestre, houve um movimento de queima de estoques em todas as regiões, enquanto a seca no Brasil ampliou os desafios na América Latina”, afirma Mark Douglas, CEO da FMC ao comentar os números.
No release que acompanha o balanço, a FMC afirma que houve uma queda de 25% no volume de vendas durante o quarto trimestre, na comparação com o mesmo período de 2022. Além disso, os preços praticados ficaram 5% abaixo de um ano antes.
Os números por região mostram que o continente americano como um todo atrapalhou o balanço da FMC. Na América do Norte, o recuo nas vendas foi de 37%, e na América Latina, a queda foi de 38%. “Os preços na América Latina caíram dois dígitos”, revela a companhia.
Na Ásia, as vendas foram estáveis, e na região classificada pela sigla EMEA (Europa, Oriente Médio e África), o recuo nas vendas foi de 24% no quarto trimestre.
Assim, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da FMC no trimestre caiu 41% na comparação anual, para US$ 254 milhões. No ano de 2023, o indicador recuou 30%, para US$ 978 milhões.
O lucro por ação também recuou. No trimestre, o retorno para os acionistas foi de US$ 1,07 por ação, queda de 55%. No ano, o lucro por ação foi de US$ 3,78, quase a metade do visto em 2022.
O ponto positivo do balanço da FMC está na participação da venda de novos produtos na receita total.
No trimestre, a fatia de NPI (new product introduction) ficou em 14% do faturamento total da companhia, e em todo o ano de 2023, esses produtos somaram US$ 590 milhões em vendas, ou 13% do total, um patamar recorde.
Projeções
A FMC divulgou também suas projeções para os resultados de 2024, esperando um avanço tímido nas vendas, e lucratividade praticamente igual à de 2023.
Para as receitas, a companhia projeta um intervalo entre US$ 4,5 bilhões e US$ 4,7 bilhões. Caso consiga atingir a mediana dessa expectativa, ou US$ 4,6 bilhões, a FMC conseguirá um crescimento de 2,5% nas vendas.
Para o Ebitda, o intervalo projetado fica entre US$ 900 milhões e US$ 1,05 bilhão, representando estabilidade em relação a 2023.
A companhia faz uma observação de que a reestruturação em andamento pode render entre US$ 50 milhões e US$ 75 milhões adicionais em Ebitda em 2024.
Para o lucro ajustado por ação, a FMC projeta um valor entre US$ 3,23 e US$ 4,41, representando um crescimento de 1% caso o resultado fique na mediana.