O etanol é classificado pelos especialistas como o “combustível do futuro”, com potencial muito grande para suprir a demanda por fontes mais limpas de energia que o petróleo, por exemplo.

Mas o momento não é tão positivo para as empresas que produzem etanol, o que fica claro nas prévias operacionais divulgadas pela Raízen nesta terça-feira, dia 16.

Em relatório sobre os dados, os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP Investimentos, afirmam que as vendas de etanol pela Raízen no terceiro trimestre da safra 23-24 ficaram quase 40% abaixo das estimativas feitas por eles.

A Raízen vendeu 1,4 milhão de metros cúbicos de etanol durante os meses de outubro e dezembro de 2023, uma queda de quase 18% em relação ao mesmo período da safra anterior.

A companhia afirma que os números estão alinhados com estratégia traçada para o estoque de etanol próprio, por conta das condições de mercado. Do volume vendido no terceiro trimestre da safra, 52% foram da produção própria.

Os analistas da XP afirmam que têm manifestado dúvidas sobre o sucesso dessa estratégia de adiar a venda de etanol, aguardando por uma melhora nas cotações. “Os preços não estão melhorando, apesar da vantagem competitiva em relação à gasolina, enquanto o etanol de milho continua a ganhar espaço”, escrevem os analistas em relatório.

A Raízen aponta que o preço médio do etanol no período ficou entre R$ 2.500 e R$ 2.700 por metro cúbico. No mesmo período da safra anterior, o valor médio ficou em R$ 3.769.

Com esse nível de venda do combustível, a estimativa inicial de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) feita pela XP para o terceiro trimestre de 23-24 fica impactada em aproximadamente 14%.

O ponto positivo destacado pelos analistas da XP ficou com a moagem e a produtividade de cana de açúcar.

Em volume total, a Raízen produziu 18,8 milhões de toneladas de cana entre outubro e dezembro de 2023, volume 36% maior que o verificado um ano antes. A moagem já foi encerrada, e segundo a companhia, o volume total da safra foi recorde, ficando em 83 milhões de toneladas, 14% a mais que em 22-23.

A moagem ficou 20% acima do esperado pela XP. Segundo os analistas, o clima ajudou, e a temporada mais longa na moagem de cana foi positiva também para uma diluição maior dos custos no futuro.

No que diz respeito à produtividade, a companhia também foi elogiada pela XP. “A Raízen tem sido bastante criticada devido a produtividades abaixo da média, mas isso não é mais verdade. A empresa vem investindo em produtividade e se aproximando de seus pares, terminando a safra com TCH (Toneladas por Hectare) em linha com a média de seus pares, permitindo a diluição de custos e a captura de preços mais altos de açúcar”, diz o relatório.

O Açúcar Total Recuperável (ATR) da Raízen no terceiro trimestre ficou abaixo na comparação anual, passando de 138 quilos por tonelada para 131 quilos por tonelada.

Mas em TCH, a companhia conseguiu colher 77 toneladas de cana por hectare, contra 69 toneladas por hectare no terceiro trimestre de 22-23.

As vendas e os volumes de açúcar da Raízen ficaram 6% e 8% abaixo das estimativas da XP, respectivamente, o que também levou os analistas a reportarem uma diminuição de 2% na estimativa para o Ebitda da empresa no trimestre.

Foram 2,6 milhões de toneladas de açúcar vendidas no período, queda de 7% na comparação anual. O preço médio por tonelada subiu de R$ 1.903 para uma faixa entre R$ 2.600 e R$ 2.800.