A gigante alemã do setor de químicos Basf contará com um novo CEO a partir de 25 de abril do ano que vem. O atual chefe das operações asiáticas, Markus Kamieth, assumirá o lugar de Martin Brudermüller, que estava no posto desde 2018.
O anúncio foi feito pela empresa nesta quarta, após a decisão ser tomada em uma reunião do conselho. O contrato de Brudermüller se encerra no início de 2024.
Há alguns dias, a Basf já havia dado sinais de que seria uma nova empresa daqui para frente, mesmo sem citar uma troca no comando. A empresa europeia tem sido pressionada pela crise energética da região, que acontece principalmente na Alemanha, ainda como efeito da decisão da Rússia de cortar o fornecimento de gás para a região.
A indústria química alemã ainda deve conviver com os efeitos da atual crise por mais algum tempo e é improvável que uma recuperação se concretize antes de 2025. De acordo com uma pesquisa feita pela Bloomberg, quase um em cada 10 entrevistados da Associação da Indústria Química da Alemanha (VCI) disse que estava fechando permanentemente processos de produção devido às perspectivas desafiadoras da indústria no país.
Tanto que, segundo o veículo, essa situação de crise deve fazer a Basf reduzir os investimentos em 4 bilhões de euros ao longo dos próximos quatro anos para fazer frente aos ventos contrários.
Diante desse cenário, a empresa tem redobrado a sua aposta na redução de custos operacionais e cogita também cortar empregos.
Em encontro com investidores no início de dezembro, o atual CEO da empresa alemã confirmou intenção de transformar o segmento agrícola e a área de materiais para baterias em estruturas independentes, em uma estratégia para "aumentar resiliência" do negócio.
O objetivo, segundo a Basf, é "desbloquear o potencial de ganhos mudando a forma como opera". O movimento remete a outro anúncio, feito há um mês, pela também germânica Bayer, cujo CEO, Bill Anderson, prometeu "redesenhar" a companhia e disse que chegou a analisar uma proposta de separação das três divisões, entre elas a Crop Science, de produtos agrícolas.
Nos dois casos, a conjuntura de escalada de juros na Europa, somada à entrada de players asiáticos no mercado de químicos, com efeitos diretos nos resultados das empresas, são parte importante na pressão sobre seus executivos em torno de mudanças.
Quando a Basf anunciou que avaliava separar os negócios agrícolas e de baterias, o CFO da empresa, Dirk Elvermann, disse que a empresa irá adotar uma "abordagem mais diferenciada" para orientar negócios individuais, dando a certos segmentos que estão menos integrados na sua cadeia de valor central "mais espaço para satisfazer necessidades específicas da indústria".
Aos fatores macroeconômicos soma-se o movimento da indústria química de reduzir estoques e concentrar esforços na redução de custos e melhoria de eficiência.