Uma empresa familiar, tradicional, fundada na década de 1960, agora quer se tornar “ambidestra”, de acordo com o primeiro CEO contratado que está no cargo desde 2020. Estamos falando do Grupo Piccin.
A marca é conhecida no agronegócio por ser fabricante de implementos agrícolas, atividade que originou a companhia com o nome Irmãos Piccin.
Agora, além de continuar investindo pesado em tecnologia para máquinas, o grupo empresarial resolveu diversificar seus negócios atuando em segmentos como agricultura de precisão e até mesmo uma plataforma para arrendamento de terras.
Em máquinas, mesmo em um momento difícil, o Grupo Piccin está próximo de fechar uma aquisição no valor de R$ 9 milhões. “Se confirmada a operação, poderemos ter nove lançamentos em 2024”, afirma Camilo Ramos, CEO da companhia.
Ele conta que este ano, as vendas de máquinas da marca Piccin tiveram queda de 5%. “Não foi um desempenho tão ruim, contando que o recuo médio no mercado foi de 20%”, diz Ramos.
Para o próximo ano, ele espera uma retomada, com um crescimento de 5% nas vendas, voltando ao patamar visto em 2022. “Se a aquisição for finalizada, o crescimento deve ser um pouco maior, de 7%, inclusive porque é uma empresa que já tem seu mercado”, conta o executivo.
Outra área de atuação mais tradicional do Grupo Piccin é o de peças e componentes, por meio da MNCal, que era fornecedora da Piccin. “Nesse segmento, estamos crescendo 12% este ano. Muito por conta da opção dos produtores de prolongar o uso de equipamentos e adiar o investimento em novos”, afirma Ramos.
Na MNCal, as exportações têm uma fatia importante, respondendo por cerca de 25% do faturamento. “Vendemos para Canadá, América do Sul e África. Vamos manter essa fatia de vendas externas. No total, esse segmento deve crescer 5% em 2024”.
O CEO afirma que uma das apostas do grupo para continuar crescendo é a qualidade dos itens fabricados.
“Os preços são um pouco mais altos, mas também entregamos algo a mais que a média, com patente exclusiva em boa parte dos itens. Temos investido muito mais em pesquisa e desenvolvimento nos últimos anos. Fizemos um mapeamento da experiência do usuário, e descobrimos que há algumas questões a serem resolvidas”.
Novos caminhos
Quando chegou à Piccin, Ramos sentiu falta de um programa mais efetivo de inovação. Por isso, criou uma área de inovação aberta em 2021, cerca de um ano depois de assumir o cargo, e firmou parceria com um hub em São Carlos, no interior de São Paulo.
O Grupo Piccin tem participação na Prediza, que atua com tecnologia para prevenir riscos e monitorar qualidade do solo e outras informações relevantes para o produtor rural.
“Entramos no capital da Prediza este ano, e acreditamos que este segmento de tecnologia dentro do grupo vai crescer 15% em 2024”, afirma Ramos. Neste momento, um fundo faz diligências na startup para fazer um aporte e entrar no capital da empresa.
Mas o grande salto dentro da inovação do grupo é a Easyland. A plataforma liga donos de terras e produtores que estão interessados em arrendar áreas.
“Percebemos uma grande carência nesse segmento. Um mercado gigantesco, mas que não tem muitas soluções. No máximo, páginas na internet que ligam uma conta à outra. Não havia uma forma de conectar as duas partes”, conta o executivo.
A startup começou a operar em março deste ano, e Ramos revela que o objetivo inicial era ter um total de 3 mil hectares em negociação até o fim de dezembro, só para devolver os investimentos feitos.
“Em 24 horas, foram 5 mil hectares transacionados, e agora estamos com 18 mil hectares, isso depois de dar uma travada na área comercial”.
Foi fechada uma parceria com o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) para desenvolver uma ferramenta de Inteligência Artificial que conecta os perfis que mais combinam entre produtores e fazendeiros. No momento, a Easyland conversa com uma empresa que presta serviço semelhante.
Ramos explica que o programa de inovação do Piccin envolve mentoria aos sócios, que ficam na empresa durante quatro meses. “Isso permite conhecer melhor a startup, saber como é a execução das ideias”, afirma Ramos.